O mistério de Margô

Já estou enjoado desses escândalos que apenas servem para iludir o povo. Desde a Roma antiga, a força da elite no comando descobriu que o pão e o circo acalmam a raiva nacional.

O pão grátis de antigamente é cobrado hoje.

Porém, o circo foi transformando-se, sofisticando-se, aperfeiçoando-se dos leões devorando os cristãos no Coliseu até chegar, hoje, nessa festa das algemas das madrugadas, desviando as atenções do povo das verdadeiras falcatruas safadas que praticam na boate Alvorada com o aval do congresso da vergonha nacional...

Por isso, hoje, respeitamos e tememos apenas os gerentes do crime organizado que não dão bola para soberanos, honoráveis dos supremos tribunais e nem aos legislativos que deixaram de legislar, como a Câmara Municipal de Cuiabá, para se submeter à vergonha de nossa história.

Com a impunidade, o povo passou a temer o simples cumprimento de algum amigo ou irmão na dúvida e do risco em ser preso por responder a uma continência de um coronel popular dessa coisarada que acontece toda hora.

Pra todo lado que olhamos é só caras de bandidos! Bebezinhos de dois meses de idade estão recusando o leite materno com medo de ir de fraldas e tudo para a cadeia pela mãe bandida, algemada numa dessas madrugadas que se transformaram, modernamente, no circo do povo atual.

Não vou falar mais sobre isso, pelo menos por um dia. Falo sobre a gostosura do Rádio que Cuiabá já teve e hoje seguram as pontas que dá gosto apenas Edivaldo Ribeiro, Dirceu Carlino, Antero de Barros, Roberto França, Augusto Roberto, “o garotinho esperto”, e alguns outros, tão poucos que não “gastam” todos os dedos de nossas mãos.

Reinava o governo do guri mais jovem governador na época, Julinho Campos, 1983, companheiro das turmas nossas na boate “Balneário Santa Rosa”, do empresário de sucesso João “Balão”, hoje morando em Chapada, e da celestial e saudosa boate “Sayonara”, do grande amigão Nazi Bucair que transformou a vida noturna de Cuiabá e entrou para a História daqui.

Nessa época, uma das mais famosas locutoras da Rádio A Voz d’Oeste, Shirley Ocampos, se tornou empresária, porém jamais deixou, até hoje, de encantar seus fãs pela voz inconfundível e de veludo que enfeitiça e seduz pela magia serena até pelo telefone.

Criou um semanário denominado “Tribuna Cuiabana” de grande sucesso político, empresarial, social e do Rádio e que alienígenas sôfregos despencam toda hora por aqui, criam escândalos só para a cidade ficar com fama de bandida e mudam nossa história verdadeira.

Nada falam sobre esse poderoso jornal e até do baluarte jornal da luta fantástica contra a divisão de Mato Grosso, o “Equipe”, pelo qual eu e o João “Balão” tanto lutamos. Nem no setor cultural da AL-MT e em lugar algum daqui.

É sobre o Rádio que faço este registro de hoje. Shirley criou a “Coluna Margô” com registros extraordinários dos personagens da TVCA e do Rádio que existia aúfa de bastantão por aqui. Todo mundo queria saber quem era “Margô”. Era ela, a Shirley.

Em seguida veio o venerável jornalista Jê Fernandes que “bancou” a coluna, sendo ele a “Margô” daquele sucesso enorme. Seus afazeres profissionais o afastaram da “Tribuna Cuiabana” e adivinhem quem ficou alguns anos à frente da coluna daquele “ibope” fantástico? Eu mesmo!

Convidado por ela e o Antônio Ocampos, respondi vários anos pelo jornal na parte editorial, política e a “Coluna da Margô”, área extremamente fácil para mim, radialista e jornalista desde 1952 e como pioneiro implantador do complexo de telejornalismo da TV Centro América e da TV Brasil Oeste. Com calças curtas!

Após retornar aos meus projetos profissionais e políticos, o saudoso companheiro João Marinho tomou conta daquela tocha olímpica de nossa época, “Coluna da Margô”, dedicada aos heróis que faziam o Rádio e a TV em Cuiabá.

Registros necessários em homenagem à Verdade Histórica de Cuiabá e não aguentar mais tantos escândalos e lutas que fazem contra o progresso daqui, inclusive e até o sonho do VLT.

PAULO ZAVIASKY é jornalista em Cuiabá.
verpz@terra.com.br