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Opinião
Quarta - 07 de Dezembro de 2016 às 16:19
Por: Gonçalo Antunes de Barros Neto

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A vida é tomada por momentos e a cada momento, decidimos. A escolha nos faz parte deste universo complexo e aparentemente confuso da existência. A todos se exige o sacrifício do livre arbítrio, dado não para a liberdade, como pensam alguns, mas para a singularidade que marca o caminho de cada qual.

Não são os estatutos, as leis do homem, enfim, o papel cheio de palavras e a obediência a eles que nos definem ou nos apresentam perante o mundo. Mas as nossas escolhas frente às escolhas dos outros. Portanto, não se cuida de liberdade, posto esta prescindir da alteridade.

A liberdade encerra-se na reflexão do que devo fazer, no dever como imanente da verdade que tenho, naquilo que descortino pelo pensamento ao redescobrir um ideal que já trago comigo - ‘Uma ideia pela qual eu possa viver e morrer’ (Kierkegaard)-. Explico.

Pode-se citar o momento político em que atravessamos. Partidos que em seus estatutos e pregações doutrinárias sempre se alinharam contra a corrupção, com firmes discursos éticos e de endossamento à moralidade administrativa, hoje se veem, seus militantes, na obrigação de defesa de algo que os fazem contraditórios, enxergando em determinados movimentos saneadores da improbidade, viés ideológicos.

A prática de ideologizar a tudo, resumindo momentos históricos àquilo que se denomina de direita ou esquerda, faz parte de certa autodefesa, própria de quem empareda a consciência, afastando-se da reflexão e da verdade.

Nesse tipo de escolha, afasto-me da liberdade, posto esta se encerrar na reflexão do que devo fazer enquanto verdade. A liberdade está inserida no processo de maior ou menor busca da verdade a que me obrigo, e nunca na maquiagem que construo para da verdade me afastar, isto já é consequência de um sofrível exercício de livre arbítrio.

Assim, verdade, liberdade e livre arbítrio são conceitos (significados) diferentes. Posso escolher sem estar na plenitude de minha liberdade e esta escolha pode me afastar da verdade. Portanto, o arbítrio que adotei será objeto de censura moral e psicológica. Não serei feliz por este caminho, e essa ideia adotada não me sustentará como razão de vida e morte.

Têm aqueles que adotam o arbítrio de outrem; pessoas mal informadas sobre o processo de escolha e das paixões. Carregam consigo a marca do personalismo, deixando de lado os estatutos e antigos discursos. A preocupação maior, agora, é com aqueles que lhes tomam por liderados.

O problema nisso tudo reside na manutenção ou não da ideologia professada. É muito difícil conseguir adeptos e se manter hegemônico frente à contradição entre discurso e prática. A democratização e socialização dos meios de informação não admitem mais erros estratégicos. Vivemos num universo mais complexo e reflexivo, em que todos ‘palpiteiam’ no que nem conhecem com profundidade.

Enfim, em país de sabidos, os sábios são maltratados.

É por aí...

Gonçalo Antunes de Barros Neto é juiz de Direito (email: antunesdebarros@hotmail.com).



Autor

Gonçalo Antunes de Barros Neto

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é juiz de Direito em Cuiabá

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