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Opinião
Segunda - 27 de Fevereiro de 2017 às 08:21
Por: José Luiz Tejon Megido

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Direto da França, no Programa de Agribusiness e Food Management, em Nantes, reunindo estudiosos do mundo inteiro, o tema que pegou fogo ontem, dia 23 de fevereiro, foi o do alimento do futuro, quando teremos gene design e coisas impensáveis da ciência e os micronutrientes contarão com desenvolvimento genético. Iremos incorporar micronutrientes vitais para a saúde, assim como eles também farão parte da adubação das plantas cada vez mais.

Através das plantas, em tudo o que comemos e bebemos, teremos melhor saúde humana. O leite de uma vaca bem nutrida terá mais micronutrientes para a nossa saúde, será maior a qualidade nutricional do que o volume do alimento.

Mas, a coisa pegou mesmo com os dados estatísticos. Antes de falar do alimento do futuro, a constatação sobre como a sociedade humana se alimenta é triste. Temos cerca de dois bilhões de pessoas com problemas de deficiência nutricional, com 600 milhões de crianças abaixo da estatura normal para suas idades.

Outros quase 800 milhões de seres humanos com fome, e mais dois bilhões acima dos seus pesos, sendo 600 milhões dentre eles obesos. Ou seja, praticamente dois em cada três habitantes têm algum problema, que vai desde fome até uma alimentação falha em nutrientes.

Portanto, mais do que comida e alimento há um grave problema de educação alimentar. A FAO, órgão da ONU para comida e agricultura, apregoa a responsabilidade aos governos. Eu, hoje, estou tão desacreditado de governos que passo essa responsabilidade para a sociedade civil organizada, nós da própria mídia e as corporações globais responsáveis pelo processamento e venda de produtos alimentícios.

Precisamos de fortíssimas propagandas educadoras, tão fortes quanto as que são realizadas para construção das vendas de suas marcas, além de incentivo para os produtores utilizarem mais micronutrientes no solo e nas plantas.

E sobre a fome? Vimos que bilhões de dólares têm sido investidos em programas voltados à extinção da fome no planeta e os resultados continuam pífios.

A conclusão dos debates aqui deste encontro com membros da África, China, Europa, Canadá, Brasil, México e Colômbia, incluindo a Câmara Agrícola lusófona de Portugal e países de língua portuguesa, foi que devemos criar mercados ou de nada adianta distribuir e dar comida para combater a miséria, a pobreza extrema e a fome.Precisamos criar mercados, cooperativismo, negócios, e já produzir ali, alimentos biofortificados in loco.

Micronutrientes, o segredo da saúde. Criar mercados de produção e venda, não podemos fazer pelo outro aquilo que o outro pode e precisa fazer por si. Ou seja, ensinar a pescar e não dar o peixe. Uma integração de empreendedorismo, cooperativismo, ciência e consciência, com educação, não faltará comida.

José Luiz Tejon Megido é conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM.



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