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Opinião
Terça - 11 de Abril de 2017 às 06:33
Por: Renato de Paiva Pereira

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A denúncia da figurinista Susllem Tonani contra o famoso José Mayer que "bombou" nas mídias sociais durante a semana, dá o que pensar. É um relato emocionado da progressão e vulgaridade das investidas do ator global, diante da indiferença das colegas da vítima, algumas achando graça das "brincadeiras". Lendo as entrelinhas da acusação percebe-se que é corriqueiro naquele ambiente o assédio dos semideuses e a aceitação às vezes à contragosto das sacerdotisas designadas para o culto a esses Sátiros*.

Serão as trabalhadoras dessa televisão escravizadas a ponto de tolerarem cantadas vulgares ( você não vai dar pra mim?) e pasmem, ter suas genitálias tocadas, como garante a figurinista, sem denunciar o fato ao empregador? Estranhamente até esse ponto ( pegar na b... - o relato dela não usa os 3 pontinhos... ) não houve reclamação oficial. Esta só ocorreu, dias depois, quando foi xingada de vaca.

Aqui no mundo não ficcional pessoas em cargos de mando e empresas que as empregam, são condenadas a pagar indenizações milionárias se faltarem com respeito aos funcionários subalternos. E olha que os desrespeitos na vida real não chegam nem a um décimo da grosseria relatada pela contratada da decantada Rede Globo.

Surpreende que as mulheres que atendem os ídolos, as atrizes que contracenam com eles, os homens que participam das filmagens e que se dizem tão antimachistas nunca pensaram em denunciar esses comportamentos vulgares.

Nos telejornais e nas novelas da poderosa TV há uma ensaiada preocupação com politicamente correto como a igualdade de gêneros, raças e credos. Princípios totalmente desprezados no ambiente interno, sim porque é impossível que os dirigentes não saibam como funcionam os estúdios, os corredores e o relacionamento do pessoal.

Provavelmente a origem da tolerância com os "astros" e "estrelas" esteja no senso comum de que aos artistas permitem-se deslizes, afinal são deuses encarnados, como reafirma todos os dias a mídia, colocando-os em pedestais e estendendo-lhes tapetes vermelhos.

Essa deificação começa quando adolescentes muitas vezes apoiadas e estimuladas pelos próprios pais, sem a menor noção de autoestima se lançam na louvação dos cantores, atores e jogadores de futebol mendigando um autógrafo, uma selfie ou um simples olhar.

Algumas oferecem o corpo sem nenhuma contrapartida afetiva, afinal o privilégio maior é ser desfrutada por um macho que desceu do olimpo para gaudio das ninfetas que habitam a prosaica planície.

Com certeza as "estrelas" e colegas de trabalho da moça, que agora estão vestindo a camiseta de repúdio ( mexeu com uma, mexeu com todas ) viram dezenas de situações como esta da figurinista e ficaram caladas.

Não sei se o caso foi para justiça contra o agressor e a empresa ou se está sendo tratado internamente. Só divulgaram que o velho Fauno* foi afastado do trabalho, o que é pouco, muito pouco, diante da gravidade do fato.

*Seres da Mitologia (grega e romana) metade homem metade bode, devassos e libidinosos

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor. E-mail: renato@hotelgranodara.com.br



Autor

Renato de Paiva Pereira
renato@hotelgranodara.com.br

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Cuiabá

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