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Opinião
Sexta - 14 de Abril de 2017 às 09:43
Por: Juacy da Silva

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O que a opinião pública já aguardava há muito tempo, finalmente aconteceu. O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na mais alta Corte de Justiça de nosso país autorizou a abertura de inquérito e as devidas investigações por parte do Ministério Pública Federal e da Polícia Federal para apurar mais de uma centena de autoridades que gozam da proteção, um absurdo jurídico que facilita a impunidade para parlamentares, ministros do governo protegidos pelo famigerado foro privilegiado.

Na verdade esta decisão é uma resposta do Poder Judiciário à solicitação do procurador-geral da República para investigar altos figurões da República, suspeitos de vários crimes, incluindo corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, associação criminosa e crime organizado, condutas nada compatíveis com o exercício de autoridades como presidente da República, senadores, governadores, deputados federais e Ministros.

Esta é a segunda lista do Janot e está baseada nas delações de mais de 77 dirigentes e ex-dirigentes de apenas uma empreiteira, a Odebrechet. Com certeza outras listas do Janot deverão surgir à medida que outras empreiteiras, através de seus dirigentes resolverem também abrir o bico para livrar a própria pele, revelando os grandes esquemas de roubalheira que nossos políticos, nossos governantes e gestores públicos vêm realizando nos cofres públicos há décadas.

Um verdadeiro lamaçal escorre de palácios, Congresso Nacional, assembleias legislativas, governos estaduais, prefeituras e câmaras municipais. Parece que nosso país está sendo governado por criminosos de colarinho branco, tantos são os casos de corrupção que têm vindo a público. Costuma-se dizer que esses esquemas se assemelham a esgoto a céu aberto.

Em Mato Grosso um ex-governador, vários secretários e parlamentares influentes estão ou já estiveram presos e em seus depoimentos têm revelado verdadeiros esquemas de corrupção. No Rio de Janeiro um ex-governador está preso e há poucos dias nada menos do que cinco conselheiros do Tribunal de Contas foram presos por corrupção. Em MT também um conselheiro foi afastado e um conselheiro e outro ex-conselheiro estão sendo investigados por corrupção. Nesta semana um ex-secretário de Saúde do Rio e dois empresários também foram presos e denunciados por desvios de mais de R$ 300 milhões de reais da saúde pública, que está em completo caos no Estado.

Voltando a esta nova lista do Janot ou lista do Fachin foram 320 pedidos para abertura de inquéritos para investigar os crimes já mencionados anteriormente, dos quais o ministro Fachim autorizou 83, incluindo 8 ministros do governo Temer, alguns do círculo íntimo do Presidente já de longa data, 12 governadores, 24 senadores, na verdade 26, pois dois dos ministros a serem investigados são senadores licenciados; 37 deputados federais e todos os cinco ex-presidentes, ainda vivos, todos que "ajudaram" na redemocratização do país. Parece até piada falar em democracia e estado de direito em um país em que a corrupção esta entranhada de alto a baixo nas estruturas partidárias e da administração pública. Democracia não se coaduna com políticos, governantes e gestores corruptos. Além desses, 211 pedidos de inquéritos foram enviados para outras instâncias do poder judiciário.

Com certeza, se imaginarmos que pelo menos pouco mais da metade dos senadores não fazem parte das duas listas do Jantot e pelo menos mais de 80% dos deputados federais também estão fora dessas listas negras, listas da vergonha política, talvez este seja o momento para acabar com o foro privilegiado, evitando que os atuais investigados e futuros investigados possam ter o manto protetor da impunidade via foro privilegiado.

Em tempo, da mesma forma que Eduardo Cunha e todos os presos por decisão do Juiz Sérgio Moro em Curitiba, sempre se dizem inocentes, que jamais se meteram em corrupção, também essas ministros do governo Temer, senadores e deputados federais continuarão negando qualquer crime , que jamais receberam propina, dinheiro sujo de caixa dois e assim por diante.

Resta uma grande esperança de que a Procuradoria Geral da República/Ministério Público Federal e a Polícia Federal agilizem ao máximo as investigações para que corruptos não venham a ser eleitos ou reeleitos nas eleições de 2018, livrando a política brasileira desta vergonha em que estamos vivendo.

A imagem do Brasil tanto interna quanto no exterior está cada vez mais suja, mais maculada.

Juacy da Silva é professor universitário, titular aposentado UFMT, mestre em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br.



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