Repórter News - reporternews.com.br
Opinião
Terça - 23 de Maio de 2017 às 07:27
Por: Renato de Paiva Pereira

    Imprimir


Vendo os maiores partidos brasileiros, sem exceção, atolados até o pescoço no lodo putrefato da corrução vem à mente proclamada sentença de que o voto "consciente", com o passar do tempo, depuraria o processo político. Ledo engano, a experiência mostrou que a despeito das repetidas eleições não houve nenhuma melhora na qualidade dos políticos eleitos. A mesma má e recorrente fama, quase sempre merecida, os acompanha desde sempre, pelo menos é o que observo nesses mais de 50 anos que me obrigaram a votar.

O sistema político é totalmente corrompido. O voto vai colocar no poder sempre uma ínfima minoria de éticos e competentes, que serão engolidos pelos demais. Acontece que os bons são minoria mesmo e também porque vamos ficar escolhendo o locutor de rádio, o amigo bom de papo, o apresentador de televisão, o pastor da igreja, o líder do assentamento, o presidente do bairro, o filho do político e reelegendo os que já estão lá, sem indagarmos se são honestos e preparados para governar ou fazer leis.

O exercício do voto não tem conseguido melhorar sua qualidade. Também a crescente educação formal dos eleitores, ao contrário do que garante o senso comum, não traduziu em melhora na escolha dos mandatários.

Se esta proclamada educação quer dizer escolaridade os fatos não autorizam a confiar nela. Na década de 1940 56% das pessoas acima de 15 anos eram analfabetas. Hoje são menos de 9%. Em 1960 apenas 142 mil jovens estavam matriculados no ensino superior; agora são 7 milhões. Nesses 70 anos quase eliminamos o analfabetismo no país, mas a despeito deste sucesso e do extraordinário crescimento do número de pessoas formadas ou frequentando curso superior, 50 vezes mais que em 1960, continuamos elegendo políticos de péssima qualidade.

A ideia de que pessoas mais escolarizadas (educadas?) analisam as coisas racionalmente não se mantém. Embora tenham recursos cognitivos para tal, quase nunca os usam, prevalecendo a paixão, interesses particulares e ideologias nos processos eleitorais.

Temos um exemplo bem claro aqui no Brasil. O ex-presidente Lula e o PT sempre foram aclamados por estudantes e professores, principalmente universitários. O fato em si não causa estranheza, afinal o PT quando fundado prometia profunda revolução na forma de governar. O que causa espanto é que mesmo depois de terem quebrado o país e seus dirigentes serem pegos no maior esquema de corrupção de que se tem notícia, continuam a ser defendidos nos meios acadêmicos, como se nada tivesse acontecido.

Pouquíssimos, dos mais de trinta partidos brasileiros, ainda não foram pegos roubando o povo. Não sei se por virtude ou falta de oportunidade. Há, contudo uma diferença: enquanto os eleitores não petistas defendem a cadeia para todos os ladrões apanhados em delitos, os do PT fazem vigílias e passeatas para evitar a prisão do seu líder maior.

O exercício do voto e a educação do povo não melhoram a democracia. Precisamos, repito o que tenho escrito, pensar em alguma alternativa. Só não vale ditadura.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.

E-mail: renato@hotelgranodara.com.br



Autor

Renato de Paiva Pereira
renato@hotelgranodara.com.br

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Cuiabá

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/2019/visualizar/