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Opinião
Segunda - 24 de Julho de 2017 às 08:04
Por: Saulo Gouveia

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Um peregrino estava a caminho das montanhas do Himalaia, no cortante frio do inverno, quando começou a chover. Perguntaram-lhe como chegaria lá com aquele temporal. A resposta veio firme: - Meu coração chegou lá primeiro... Desse modo é fácil para o resto de mim segui-lo.

O estresse financeiro começa já na primeira infância e como não temos instruções na escola sobre o uso do dinheiro, já internalizamos posturas desacertadas desde cedo. Aprendemos em casa que com o dinheiro podemos "tudo", já que toda vez que necessitamos de algo, seja uma mamadeira nova, seja um brinquedo, nos é informado que depende dele. Assim é que o coração aprende a valorizar em excesso o dinheiro e a cabeça com o corpo todo segue esse caminho.

Ao avançar a idade, começamos a nos comparar com os colegas da escola. Por que ele tem isso ou aquilo e eu não? Ou por que eu tenho e ele não? Naquela turma quem não tem o tênis da marca tal, não entra. Na outra somente as patricinhas que possuem o celular chique.

Separamo-nos dos amigos mais íntimos pelas divisas financeiras. Estudar na casa do colega endinheirado nos constrange ou na "casela" pobre do outro também.

Já não podemos fazer os mesmos passeios, nos mesmos lugares. Se o outro tem muito, não consigo acompanhar; se tem pouco, não aceita que eu pague todas as despesas dele. Se for convidado para o aniversário de 15 anos da amiga e não tem como comprar ou alugar a roupa social, está fora. Se tiver, vai sem o amigo que não tem. As cidades não oferecem opções aos jovens sem que tenham de gastar com deslocamentos e guloseimas. Onde ir sem dinheiro?

O mercado de trabalho oferece três opções, para quem tem e para quem não tem. Se for trabalhar como empregado, depende da roupa, dos estudos e da capacidade de impressionar.

O estresse financeiro dos empregados é percebido quando recebem o holerite. Ficam assustados como se tivessem visto um fantasma. E já que não existe o hábito de acompanhar o orçamento doméstico, quase sempre vem menos que o esperado. Gasta mais que ganha, não importa o nível salarial.

Se for autônomo, depende se tem, para mostrar o valor dos serviços. Ninguém acredita no seu potencial se seu consultório ou escritório está caindo aos pedaços. Então vale acreditar que ganha dinheiro, quem tem dinheiro.

Se abrir negócio próprio, lá vem o estresse financeiro diário. Confundem lucro com caixa, balanço com demonstrativo de resultado e dinheiro no banco como capital de giro. A confusão se instala, as emoções degringolam e está instalado o estresse financeiro. O estresse financeiro deixa as paredes da empresa e alcança o lar pelas emoções inseparáveis que o sócio carrega. E é aí que começa novamente a "instrução" financeira aos filhos. Não pode isso, não pode aquilo, porque não tem dinheiro.

Salve você mesmo e os seus filhos do estresse financeiro, eduque-se financeiramente e ensine-os desde a primeira infância que dinheiro é um meio, um instrumento que se bem usado cresce. Apresente às crianças a visão acertada de poupar, investir. Diga que dinheiro poupado é dinheiro com fermento, leveda todas as esperanças. Pense nisso, mas pense agora!

Saulo Gouveia é consultor financeiro e organizacional, e atua oferecendo novos significados para viver as virtudes em abundância. Articulista de A Gazeta, escreve neste espaço aos domingos. www.seubolso.net



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