EDUARDO GOMES
De tarde demais
Temer é a cara da política brasileira, da política mato-grossense – Bezerra, Fábio, Ezequiel, Adilton, Galli e Leitão reforçam essa tese, que é ainda mais cristalina quando se vê Valtenir dando o tapa e escondendo a mão.
Não se deve satanizar Temer isoladamente. Dilma, Lula, Aécio, Ciro, Marina, Alckmin, Serra também fedem a enxofre. Podemos incluir Álvaro Dias. O Brasil está acéfalo quando olhado pelos nomes mais cotados para a faixa presidencial. Não me esqueci do capitão Jair Bolsonaro, até porque tenho na memória sua limitação expressada num evento em Cuiabá; acho que ele é a essência na negação cívico-militar: cívico por não passar de clone de Dercy Gonçalves, quando o assunto é destempero verbal, o que faz muito bem xingando a esquerda; e militar, porque se fosse eleito nenhum general o engoliria por questão hierárquica. Os 11 anos de Bolsonaro no Exército e sua opção pela política em 1988, quando se elegeu vereador pelo Rio, resultaram num híbrido caricato que sonha com a farda enquanto milita politicamente saltitando de partido em partido como se fosse uma figura messiânica da casernização para instalar um governo fardado.
Entre os corruptos, populistas e bobos da corte não vejo a luz no fim do túnel para a sucessão de Temer. Porém, fora deles, enxergo o médico, pecuarista e senador goiano Ronaldo Caiado, que carrega a “pecha” – para a esquerda - de pai da defunta UDR. Acredito que na situação do Brasil somente um líder forte poderá botá-lo nos trilhos. Caiado, como se diz na sua terra, não deixa companheiro no chapadão. Avalio que ele tem todos os requisitos para liderar uma mudança constitucional que bote freio no empreguismo público, nas mordomias do Judiciário e MP, nas imorais alíquotas dos duodécimos ao Legislativo em todas as suas esferas e nas emendas parlamentares.
Com Temer o Brasil continuará na ciranda sob as bênçãos da Oração de São Francisco. Depois dele será preciso desratizar a classe política, conter a esbórnia dos gastos dos três poderes, buscar a atividade-fim do Estado e enfrentar militarmente o crime organizado. Não acredito que Caiado encontre legenda e menos ainda que se eleja pelo fogaréu que será jogado sobre seus ombros pelo politicamente correto, o socialmente justo e a prevalência dos direitos constitucionais dos bandidos sobre o sangue da indefesa e desarmada população.
Jânio, Collor, Lula e Dilma mostram que nem sempre se elege o melhor, porém, eles reforçam a importância da escolha democrática, da qual brotou Juscelino. O Brasil precisa de Caiado e Mato Grosso mais ainda necessita de outro governador, e de renovar sua bancada federal e a Assembleia – o que dispensa comentários. Gostaria que 2018 nos trouxesse esse choque radical para que tenhamos a guinada de rumo sonhada pelos verdadeiros brasileiros, antes que seja tarde demais.
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista
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