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Opinião
Quarta - 23 de Agosto de 2017 às 08:26
Por: Hélcio Corrêa Gomes

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A Organização Mundial das Nações Unidas divulgou relatório dos prejuízos socioeconômicos causados pela epidemia do vírus zika na América Latina e Caribe, incluindo, o Brasil. Entre 2015/2017 os tratamentos diretos já custaram aos cofres brasileiros mais de US$ 4,6 bilhões. Tem previsão final de dispêndios assistenciais e outros que vão ultrapassar US$ 10 bilhões.

Um show de horror com enorme quadro de microcefalias e de síndrome de Guillain-Barré consolidado. A vigilância sanitária nacional ficou tempo à mercê da falta de recursos. O que poderia ser casos esporádicos tornou-se num problema endêmico.

As regiões urbanas com menores infraestruturas restaram mais castigadas. Nos mais pobres incidiram com mais infecções do zika. Há hoje no Brasil muitas crianças com sequelas cerebrais irreversíveis, que poderiam facilmente ser evitadas.

Incrível, que 2016 foi o período com maiores incidências de infecções virais no âmbito brasileiro. A própria desigualdade na cobertura da saúde contribuiu para que a parcela dos mais humildes ficasse mais vulnerável. Enfim, pagasse o maior preço na epidemia.

O quadro epidemiológico do zika é menos agressivo que o da Dengue. Afinal, 80% dos pacientes não têm manifestações clínicas, mas causa maior problema na maternidade, quando infectada. Aqui insurgiu o grande impacto social, que vai levar tempo para ser agasalhado.

Não há medicamento ou vacina contra a infecção do vírus zika. A prevenção sanitária resta como única saída eficaz.

Até o momento 48 países com economias frágeis exceto o Brasil, confirmaram casos desproporcionais do zika. Neste ano, após os recursos aportarem na vigilância sanitária houve drástica queda de infectados. Menores quantidades de crianças com danos cerebrais. O que comprova que a endemia poderia facilmente ser evitada.

Na América Latina e Caribe o vírus zika vai fazer dispêndios públicos de mais de US$ 18 bilhões. Maior parte no Brasil. Ao longo da vida de cada criança infectada na gestação e portadora de microcefalia terá um custo familiar já estimado de US$ 890 mil, segundo a Organização das Nações Unidas.

O Aedes aegypti, como mosquito de hábitos diurnos e urbanos, já foi extinto no Brasil. E poderia ser erradicado novamente. Tudo com bases nos antigos programas, que eliminaram radicalmente as águas paradas e hábitos incivilizados. Aqui até o sistema de avisos gerais para proteger com mosquiteiro ao que convalescia com infecções do zika e outros restou tardio. Após o quadro endêmico atingir seu ápice.

É fato que qualquer enfermidade por transmissão por artrópode tem prevenção e controle a partir do ambiente familiar. E imposição de hábito mais civilizado para todos. Não se pode aceitar melindre na obrigação do poder público para agir contra o mais reticente. O bom convívio urbano nacional não mais admite preservar a vida porcalhona como uma espécie de direito individual.

Afinal, as doenças virais transmitidas por mosquitos podem acometer a todos (indistintamente). E prevenir é, ainda, o melhor a fazer. Além do valor intrínseco da vigilância sanitária não poder mais ser mitigado - tal como ocorreu no cotidiano. O preço de tal incúria ou irresponsabilidade pública restou alto demais para à nação brasileira.

Hélcio Corrêa Gomes é advogado em Cuiabá



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