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Opinião
Quarta - 30 de Agosto de 2017 às 08:06
Por: Renato Gomes Nery

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Tenho sido questionado sobre diversos assuntos depois que passei a escrever nesta coluna. E o mais frequente é um suposto e pretenso retorno dos militares ao poder para pôr fim a este período de incertezas que vivemos.

É, entretanto, preciso contextualizar esta questão. Na década de 60 quando aconteceu a tomada do poder pelos militares no Brasil, havia uma conjuntura favorável para isto. A grande maioria dos países da América do Sul era governada por ditaduras. Havia um receio de que a Revolução Comunista Cubana se espalhasse pelo continente. Os EUA apoiavam golpes temendo o comunismo.

No plano interno o Governo de esquerda propalava e prometia uma República Sindicalista. A classe média, onde está incluída a maioria do militares, fazia passeatas contra o regime. Os militares, temendo, pela paz e pela ordem ameaçada com propagação de ideias e comícios radicais, estavam em alerta. Daí ao golpe foi um passo.

Não temos, hoje, quaisquer dos fatores acima que pudessem se pensar para romper a ordem estabelecida. Pelo contrário, os militares voltaram aos quartéis e não tem nada que indique que eles queriam sair de lá. Não existe ambiente externo e nem interno que possa influenciar na mudança de rumo. Pelo contrário, floresce no mundo inteiro democracias representativas. A população preocupada com o desemprego e com a crise econômica luta heroicamente para sobreviver, passando ao largo e indiferente para com as estripulias políticas.

Neste contexto, me parece que a ordem estabelecida corra risco. Sem ambiente propício não haverá golpe e nem os militares embarcariam numa empreitada desta. Entretanto, no olho do furacão algumas pessoas acham que a saída seria a tomada do poder pelos militares, pensando do lado bom e esquecendo-se da face cruel. E isto seria repetir a história e quando isto acontece "ela se repete, pela primeira vez como tragédia e pela segunda vez em forma de farsa", como afirmou Karl Marx.

Já pensou, por hipótese, a Dilma sendo torturada outra vez! O Lula voltando do exílio! Bem como nas pretensas vítimas e injustiçados do regime a pleitearem anistia! E esquerda propalando soluções mágicas para salvar o Brasil! Este filme nós já vimos!

Não esqueçamos de que o poder embriaga. Ninguém que o tenha quer perde-lo. Ir-se-á entrar na mesma armadilha do passado. A promessa era o golpe e, em seguida, a entrega do poder aos civis com eleições livres. A retomada foi difícil e dolorosa 20 anos depois.

O desafio é grande. Os políticos são frutos desta sociedade onde a ordem é tirar vantagem. A realidade que temos é esta! O povo que temos é este!

Estamos com uma chance de ouro para purgar nossos erros e desacertos em busca de um futuro promissor. Nunca se apurou ou se puniu tanto. Para se chegar ao paraíso é preciso passar pelo inferno. Não há mal que sempre dure e bem que nunca acabe - como dizia a minha mãe. Portanto, é preciso enfrentar as dificuldades e resolvê-las com razão, talento, lógica, sabedoria e competência. Não se pode ficar procurando soluções mágicas ou pedindo socorro extremo toda vez que surge um problema ou um desafio.

A esperança é nossa companheira de jornada e o voto ainda é uma arma poderosa! Não esqueçamos que, nos regimes de força, a primeira coisa que se perde é o direito de votar.

O resto é pedir a Deus que nos ilumine e nos guie.

Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá E-mail rgnery@terra.com.br



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