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Opinião
Sexta - 23 de Março de 2018 às 16:06
Por: Assessoria de Imprensa

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As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) também podem ser contraídas através do sexo anal. Algumas até têm mais chances de contaminação via sexo anal do que vaginal. O que acontece é que a penetração pode causar pequenas fissuras no ânus e ao redor, que propiciam um maior contato do líquido seminal.

E uma das doenças sexualmente transmissíveis de maior incidência no mundo é o condiloma acuminado, que é uma lesão na região genital, causada pelo Papiloma Vírus Humano (HPV). Estima-se que pelo menos metade das pessoas sexualmente ativas tiveram contato com o vírus em algum momento de suas vidas. No Brasil, de 5 a 30% das pessoas infectadas apresentam mais de um tipo de HPV.

O HPV existe com mais de 200 variações e se manifesta por meio de formações verrugosas. A transmissão se dá por contato direto, seja por sexo oral, vaginal ou anal. Pode haver transmissão apenas por contato manual na região anal. A transmissibilidade é consideravelmente maior quando da presença das verrugas. Porém, há indivíduos com lesões subclínicas, as quais não são visíveis a olho nu, que também podem transmitir o vírus numa taxa de 25%.

Clinicamente, o condiloma anal caracteriza-se pelo aparecimento de verrugas no ânus, comumente de consistência mole e úmida, de coloração que varia de rosa à vermelha. Contudo, nem sempre há o surgimento dessas lesões. Os condilomas anais predominam em pacientes que mantiveram coito anal receptivo. No ânus, quando não tratado, eles podem evoluir para uma neoplasia.

O tratamento do condiloma acuminado envolve três abordagens principais: a destruição química e física, a terapia imunológica e a excisão (retirada cirúrgica). A preferência por alguns dos métodos dependerá do número e da extensão das lesões condilomatosas. De forma geral, não existe o tratamento perfeito, já que o índice de recidiva da doença pode variar de 30 a 70% dos casos. Por isso é muito importante o acompanhamento frequente destes pacientes, com exames e consultas periódicos. No entanto, a regressão espontânea é possível, e tem sido reportada em 20% dos casos.

O sexo seguro com uso de preservativos e com parceiros de confiança é a melhor prevenção para este problema. E para quem está em tratamento, é necessário adotar algumas medidas para que o HPV não retorne. Deve-se obrigatoriamente examinar o parceiro sexual, a fim de tratar eventuais lesões e evitar retransmissão, assim como os exames periódicos pelo coloproctologista ajudam a detectar recidivas precoces. Apesar de muito menos frequente que no colo uterino, o HPV também pode causar câncer do ânus.

Mardem Machado é proctologista e diretor clínico do Instituto de Gastroenterologia e Proctologia Avançado (IGPA)



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