O Remap
O nome hoje parece estanho, depois de tanto tempo que foi fechado - o Restaurante dos Estudantes Maria Aparecida Pedrossian (REMAP). Procurei, mas não encontrei dados da sua fundação e do seu fechamento. Ele funcionava na Avenida Barão de Melgaço ao lado do prédio da Academia Mato-grossense de Letras. Quando cheguei aqui vindo do interior, no final da década de 60, foi lá que eu e tantos outros capiaus do interior do Estado e País, matamos graciosamente a fome durante anos. Lembro que, mesmo depois que entrei na faculdade, não havia alternativa, para “nós outros” que vivíamos vendendo o almoço para comprar o jantar.
Das filas do REMAP saíram tanta gente ilustre e importante. Gostaria de lembrar de todos, mas não consigo, por isto não vou nominá-los: jornalistas, empresários, políticos ilustres, administradores, gestores, advogados, juízes, contadores, engenheiros, professores entre outros que se destacaram na sociedade.
Que tem fome precisa urgentemente de um “bom bocado” para matá-la imediatamente. Nada mais que isto! Creio que foi esta a luminosa inspiração que teve a Primeira Dama Maria Aparecida Pedrossian, entres as suas obras sociais, para fundar o restaurante. Não a conheci a não ser pelos jornais. Ela era clara e bela e tinha um porte de rainha. Creio que fosse sensível e soubesse que iria tirar da penúria tanta gente como tirou, pois passado tanto tempo os frutos do seu grande feito ainda persistem a desafiar aqueles que sempre prometeram e nada fizeram a favor de ninguém.
Nestes tempos tão “bicudos” em que milhares de desempregados engrossam as filas do desemprego. Em que tantas pessoas estão à míngua de coisas básicas para a sobrevivência, - onde uns ganham demais e outros nem ganham, a soberba e os donos da verdade passam insensivelmente ao largo da indigência e os corruptos e espertos enchem “as burras” com o butim do suor da população - que lembrássemos que desta vida nada se leva e que a bondade está em todo lugar, e o passado está cheio de bons exemplos a serem seguidos.
A fada madrinha referida - que creio ainda esteja viva – a nossa eterna gratidão e reconhecimento por tanto que fez para matar a fome de tantas pessoas por anos a fio. Não fosse a “boia” do restaurante, não teriam incontáveis estudantes a oportunidade de estudar ou continuar os estudos e transformarem nos cidadãos que são.
Meu caro jornalista, historiador, acadêmico, conterrâneo e comensal do REMAP, Louremberg Alves, fica a sugestão para resgatar a grata, saudosa e exemplar história do restaurante. Com isto mostrar o exemplo de como com tão pouco, empreende-se e faz a melhor, mais saudável, consequente e efetiva politica social.
Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá-MT. E-mail – rgnery@terra.com.br
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