Os generais de Bolsonaro Presidente eleito está cumprindo exatamente o que prometera a seus eleitores
Não sei se o General Castello Branco copiou ou se realmente inventou a frase que o ex-ministro e escritor Jarbas Passarinho lhe atribuiu: “Não se pode fazer revolução sem os radicais....”
Parece que a tese do Castello Branco ficou comprovada nesta eleição de 2018, quando o radical Bolsonaro conquistou o povo brasileiro com seu discurso de direita, e foi eleito Presidente da República, quebrando o nefasto reinado do PT. A revolução não foi feita pelas armas, mas pelo voto como convém a um país democrático.
O problema é que frase do General não terminava aí: “....e não se pode governar com eles (os radicais)”, teria completado o ex-presidente.
Não há como condenar o presidente pela escolha de militares (sete até agora) para ajudá-lo no governo
Se a segunda parte da frase for verdadeira poderemos ter um período de turbulência em breve. Ventos fortes já se anunciam do lado do Congresso Nacional contra a decisão radical do presidente eleito de negociar diretamente com as bancadas temáticas (agricultura, segurança, evangélica etc.), ignorando os partidos políticos e seus vaidosos dirigentes.
Seria ótimo se pudéssemos desconsiderar os partidos políticos - de direita ou de esquerda – que, perdendo as eleições, se colocam como antagonistas declarados dos governantes, trabalhando pelo insucesso deles. Agem como se não fossem passageiros desse estranho barco, onde uma parte dos marinheiros (situação) tenta remar pra frente, e outra (oposição), trabuca no sentido contrário.
O Bolsonaro, por enquanto, a julgar pelos nomes escolhidos para compor o ministério e cargos do primeiro escalão, está cumprindo exatamente o que prometeu na campanha que seduziu os eleitores: formar um governo à revelia dos políticos.
Não há como condenar o presidente pela escolha de militares (sete até agora) para ajudá-lo no governo. Ele sabe em quem pode confiar, pois viveu durante quinze anos na caserna e mais de vinte no Congresso. Tal qual o Sergio Moro que foi buscar na Polícia Federal auxiliares de confiança, o Bolsonaro recorreu ao Exército, sua antiga e confiável casa, convidando oficiais, da ativa ou reformados, para compor o governo.
Os militares que foram demonizados pela esquerda brasileira, representada principalmente por artistas, intelectuais, professores e jornalistas deram a volta por cima e formam hoje a mais respeitada instituição do país.
Não custa lembrar que os generais que governaram o país durante a ditadura morreram dignamente recebendo seus honestos soldos, e não consta que nenhum deles tenha enriquecido no poder, ao contrário dos políticos do PT que estão presos, impedidos de gastar os milhões que roubaram do povo.
Só nos resta torcer para que o General Castello Branco tenha se enganado na segunda parte de sua espirituosa boutade, e que, sim, seja possível governar com o radical presidente eleito, mesmo porque seu ímpeto pode ser contido pela experiência dos Generais, para os quais, não por obrigação, mas por consideração e respeito, ele deve “bater continência”.
RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor
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