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Opinião
Segunda - 10 de Dezembro de 2018 às 11:39
Por: Renato de Paiva Pereira

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Todos aguardamos com ansiedade o início do novo governo preocupados com o relacionamento do presidente eleito e seus ministros com o Congresso Nacional.

Empresários de todos os tamanhos torcem pelas reformas necessárias, mas sabem que a maioria delas depende do voto de deputados e senadores e que esses apoios não estão garantidos.

Como vem sendo anunciado desde a campanha eleitoral, provavelmente não será comprada a sustentação parlamentar necessária e não haverá distribuição de cargos para convencer os políticos da utilidade de tal ou qual reforma.

O problema é que este procedimento sempre foi considerado uma justa troca de favores entre governo e parlamento, como se o deputado precisasse ser compensado com cargo ou verba para apoiar alguma mudança vantajosa para o País.

Claro que os favorecidos vão reclamar, o que é natural, daí a necessidade de eventualmente suavizar a transição

O primeiro teste sobre o comportamento dos parlamentares em relação ao novo governo será com a reforma da Previdência, considerada inadiável pela maioria dos economistas do Brasil. Mas ela tem muitos inimigos que vão lutar para mantê-la como está. Esses adversários, majoritariamente funcionários públicos, tem grande representatividade no meio político e são os mais privilegiados no atual sistema previdenciário.

O Ministério da Fazenda divulgou, neste último dia 5, que apenas 3% dos benefícios pagos pela Previdência Social no Brasil vão para os mais pobres. Ainda de acordo com este levantamento 41% dos benefícios são destinados ao atendimento dos 20% mais ricos.

Além da gritante desigualdade salarial entre trabalhadores da iniciativa privada e dos servidores, dentro da própria esfera pública há um patente desnível, pois quase 80% dos gastos com folha de pagamento são destinados aos 20% melhor remunerados.

Está claro que o problema maior da Previdência Social Brasileira são os privilégios e que combatê-los é a tarefa mais urgente e a mais difícil do atual governo, porque enfrentará uma classe organizada e combativa muito bem representada no Congresso Nacional e cheia de barulhentos sindicatos dispostos a fazer pressão nos parlamentares.

Assim, reformar a Previdência é basicamente reduzir privilégios. Claro que os favorecidos vão reclamar, o que é natural, daí a necessidade de eventualmente suavizar a transição. Entretanto, não é possível prescindir de chamar os servidores públicos para ajudar no pagamento dessa conta.

O problema se agrava porque, como se trata de emenda constitucional, a lei prevê a necessidade de 308 dos 5l3 votos favoráveis para o sucesso da PEC. Mas o presidente eleito parece, pelo menos mostra nas entrevistas, que tem consciência das dificuldades e pretende superá-las gradativamente buscando possíveis vitórias parciais, comendo o angu quente pelas beiradas.

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor.



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