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Opinião
Sábado - 15 de Dezembro de 2018 às 15:20
Por: Romildo Gonçalves

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Mato Grosso não está preparado para suportar a pressão antrópica que ora o atinge! Prova cabal de tal assertiva pode ser visto no importante polo turístico do estado, o “Parque Nacional de Chapada dos Guimarães” que continua desmoronando diuturnamente.

Passados trinta e nove anos de sua criação, a exemplo da maioria das unidades de conservação federais existentes no país, o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães possui um plano de manejo que defina critérios sistematizados de uso racional dessa unidade, mas na prática está longe de ser realidade.

No conjunto das ações em curso o parque não suporta a pressão antrópica que vem sendo-lhe imposta atualmente isso é fato e pode ser visto a olhos nus. Ademais, é premente uma ação do poder público para conter desastres visíveis e previsíveis naquele ambiente, no entanto a letargia do poder público continua em voga.

Há, no papel, um Decreto Federal de nº. 4.340 de agosto de 2002, que visa disciplinar o manejo daquela e demais unidades ambientais no país, todavia até o momento esse decreto não disse a que veio. O que é uma pena, uma vez que a morosidade do poder público põem em riscos bens públicos pertencentes da coletividade.

Por outro lado, vejo que nem tudo está perdido, o novo governo ora eleito pontuará uma nova política ambiental para gestão das unidades de conservação federais existentes no país. Do jeito que está não pode ficar isso é fato.

Formar parcerias com a iniciativa privada será seguramente um dos alvissareiros caminhos para sanar essa questão, se outros países fazem porque não no Brasil? Abandonado, esquecido, semidesativado, esse e outros cartão postal do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães

Assim como outras tantas unidade ambientais federais país afora, não pode, assim não dá. Ambientes ricos em belezas cênicas naturais, escarpas singulares, serras, morrarias, paredões... precisa ser preservados para contemplação e uso coletivo da sociedade humana, por que não?

A extraordinária riqueza em recursos naturais edáficos, hídricos, florísticos, faunísticos, ou seja, recursos bióticos e abióticos, estão praticamente entregues as moscas ou pior ao nada é sul real. Agredido fisicamente todos anos por Incêndios florestais, andarilhos, transeuntes desorientados é uma realidade, desrespeitosa que afronta à coletividade na sua plenitude.

Biológico e Geologicamente falando, a formação chapadense (Almeida 1948-1954) é caracterizada por uma estratificação cruzada com conglomerados de seixos contendo restos de invertebrados marinhos, solo frágil sobre pressão antrópica.

Portanto a formação da área em questão com presença dos paredões, escarpas, veredas, nascentes, olhos d´água e agora com a criação de trilhas inacabadas para uso público, facilita ainda mais o surgimento de erosões que possibilita cada vez mais o desabamento de rochas.

Com isso a possibilidades de impactos ambientais previsíveis e evitáveis poderão ocorrer a qualquer momento, especialmente no “Portão de Inferno” e Mirante” onde já se constata esses pontos sensíveis e de lata fragilidade que se encontram na linha de frente de destruição irreversível.

A baixada cuiabana, com cota máxima de 165 m de altitude em relação ao planalto chapadense com altitude acima de 600 m mostram a sensibilidade desses ecossistemas, e a necessidade de cuidados especiais na utilização desses recursos.

Como se sabe o Parque Nacional de Chapada e região se destaca pelos belos atrativos naturais localizados no ecossistema cerrado, com formações geológicas do período terciário e belezas cênicas sem comparação.

No entanto o parque e região apresentam sérios problemas de impactos antropogênicos que precisam ser resolvidos com urgência para evitar o agravamento da situação. Penas que as autoridades ainda não conseguiram enxergar o óbvio.

Espero e estou confiante que o novo governo brasileiro e as autoridades constituídas darão um novo norte para conter a desordem ambiental ora em curso nas unidades de conservação brasileiras, para que as novas gerações contemplem essa dadiva de Deus para sempre, como legado inteligente dos deixado pelos gestores públicos.

Romildo Gonçalves é biólogo e professor em Ciências Naturais da UFMT.



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