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Opinião
Quinta - 27 de Dezembro de 2018 às 16:24
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Por que o ser humano não pode ter a felicidade plena? Não em outra vida, como imaginam as religiões, mas nesta. O livro Homo Deus de Yuval Harari, aquele mesmo que escreveu Homo Sapiens, trás informações interessantes sobre o assunto maior para o futuro da humanidade. Não é coisa de autoajuda, é científico e pelo lado evolucionista.

Duas vertentes conduzem os humanos desde os primórdios. O psicológico ou sempre querer mais e o bioquímico que institivamente conduz à busca de sobrevivência e procriação.

Que, diz o autor, “essa é a maior falha da evolução”. Que nosso sistema bioquímico adaptou-se à necessidade de sobrevivência e reprodução, não de buscar a felicidade.

Como modificar isso? Têm muitos caminhos em estudos, o mais forte talvez seja alterar a engenharia genética da pessoa. Modificar algo que nasceu com o ser humano, parar com a ansiedade de nunca está satisfeito. Essa busca é que fez a humanidade caminhar, mas chegou-se à conclusão que, mesmo com tudo à mão, a necessidade de querer mais não some. E a insatisfação cresce sempre.


Países e populações ricas, que atingiram praticamente todas as conquistas materiais, continuam angustiados e querendo mais. Suicídio e depressão nesses países têm aumentado exponencialmente

Países e populações ricas, que atingiram praticamente todas as conquistas materiais, continuam angustiados e querendo mais. Suicídio e depressão nesses países têm aumentado exponencialmente.

O ser humano, em um século ou pouco mais, poderá viver 150 anos com vida saudável. Como viver tanto e continuar com angústias que nasceram com os primórdios da humanidade?

Os avanços da medicina para se ter essa vida longa tem sido fantásticos, inclusive detectar futura doença desde o feto no útero materno. E tratá-la antes. E ainda vivendo num pleno estado de bem estar social, incluindo uma renda vitalícia para cada cidadão do país, trabalhe ou não. Com tudo isso, não se poderia buscar a felicidade?

As religiões transferem para outra vida esta felicidade. Criamos, em qualquer religião, um paraíso. Ou que a felicidade completa seria após a morte se aquela pessoa teve comportamento adequado nesta. Por que não, insiste-se, não ter a felicidade aqui mesmo?

Nem todos, num primeiro estágio, conseguiriam essa felicidade. Gentes de países pobres e outras tantas distâncias demorariam mais a chegar lá. Mas um dia chegariam também.

Por que o livro chama Homo Deus? Porque o homem quase imortal, sem angustias e medos do inesperado e sendo feliz, seria aquele Deus que os mais antigos imaginavam.

Se chegar a essa felicidade, sem o desejo de se criar e produzir mais, fatores que empurraram a humanidade para o estágio atual, o desenvolvimento pararia?

Mostram que se estaria num estágio tão avançado que inteligência artificial, falam até em ciborgs, fariam as descobertas e avanços pelos humanos. Outras mentes inventadas continuariam a criar novidades, portanto. Pesquisas nesse sentido estão acontecendo.

Tem muitos cientistas trabalhando em alterar, quase como se fossem deuses, nossa bioquímica que vem desde que descemos da árvore, para se buscar a felicidade aqui mesmo. Tem lógica ter todas as conquistas terrenas e continuar cada dia mais insatisfeito? Não duvidem da ciência.

ALFREDO DA MOTA MENEZES é analista político.



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