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“Gostar” Ou “Não Gostar”
Crise na base aliada do governo Dilma. Notícia que pautou as redações da imprensa, virou manchete dos noticiários radiofônicos e televisivos, além de ocupar espaços em blogs e sites e cair nas redes sociais. O que permitiu os comentários mais variados a respeito. Isso é natural. Questionável, entretanto, é a divisão entre os partidários e os contra a presidente. Divisão que deixa a mostra à condição de torcedor da maioria dos brasileiros.
Condição, no entanto, que revela um retrato quase nunca comentado, porém pela sua importância, deveria ser discutido sempre. Afinal, percebe-se, pela foto revelada, que os brasileiros têm o tablado político como a um estádio de futebol, onde eles se posicionam de acordo com a disposição de suas equipes no gramado. Manifestam-se, desse modo, conforme as próprias paixões e raivas sentidas em cada momento do jogo. Assim, os laces são acompanhados ora por aplausos ora por vaias, e quase nunca pela razão ou pela ótica do observador crítico. Até porque qualquer das avaliações passa pelo caráter subjetivo do “gostar” e do “não gostar”, os quais se distribuem nos dois pratos da balança, independentemente do pêndulo. A mesma subjetividade que, pasmem, norteia os textos de alguns dos analistas políticos. Deixam-se, também, levar pela onda da emoção, equilibrados na prancha do bajular ou do “meter o pau”.
Por isso, não se viu, nem ouviu nada a respeito do governo de coalizão à moda brasileira, cujos traços são desenhados por dezoito mãos (siglas) em um universo de vinte e três partidos com representação no Congresso Nacional. Aliados não em razão de um projeto único de governo ou de metas para o país, mas sim por causa de cargos, de benesses que do poder central emanam.
Daí o melindre toda vez que um ou outro desejo particular deixar de ser atendido pelo governo. Isso, inclusive, resultou em rejeição da recondução do diretor-geral da ANTT, ou mesmo em desabafo público – “assinados” separadamente por republicanos, peemedebistas e petistas.
Situação que ocorre, e deverá acontecer uma série de outras vezes. Até porque a presidente não tem o traquejo político necessário, tampouco possui quem lhe sirva de articulador. A chefe da Casa Civil e a ministra das Relações Institucionais bem que poderiam desempenhar o tal papel, contudo, desconhecem as regras do diálogo, da negociação.
Ocupação que caberia, e bem, para o vice-presidente. Até pela sua vivência política. Mas ele, pelo jeito, não inspira confiança. Desconfiança que sentia a presidente em relação aos antigos líderes do governo na Câmara Federal e no Senado. Possivelmente, por isso, foram substituídos nos ditos postos. Os parlamentares substitutos, pelo seu turno, têm dificuldades em atrair os descontentes congressistas. Estes, bem como os demais integrantes da tão badalada base, continuarão a exigir a liberação das verbas referentes às emendas no orçamento, cargos e benesses outros.
Daí a crença de que a crise na base aliada deva continuar. O triste de tudo, entretanto, é perceber que a maioria dos brasileiros continua satisfeita com sua condição de torcedor. Inclusive no período eleitoral, quando se deixa levar uma vez mais pelas ondas ou do “gostar” ou do “não gostar” para defender o postulante “A”, ou “B” ou “C”. Não por suas virtudes administrativas, competência técnica e habilidade política.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Condição, no entanto, que revela um retrato quase nunca comentado, porém pela sua importância, deveria ser discutido sempre. Afinal, percebe-se, pela foto revelada, que os brasileiros têm o tablado político como a um estádio de futebol, onde eles se posicionam de acordo com a disposição de suas equipes no gramado. Manifestam-se, desse modo, conforme as próprias paixões e raivas sentidas em cada momento do jogo. Assim, os laces são acompanhados ora por aplausos ora por vaias, e quase nunca pela razão ou pela ótica do observador crítico. Até porque qualquer das avaliações passa pelo caráter subjetivo do “gostar” e do “não gostar”, os quais se distribuem nos dois pratos da balança, independentemente do pêndulo. A mesma subjetividade que, pasmem, norteia os textos de alguns dos analistas políticos. Deixam-se, também, levar pela onda da emoção, equilibrados na prancha do bajular ou do “meter o pau”.
Por isso, não se viu, nem ouviu nada a respeito do governo de coalizão à moda brasileira, cujos traços são desenhados por dezoito mãos (siglas) em um universo de vinte e três partidos com representação no Congresso Nacional. Aliados não em razão de um projeto único de governo ou de metas para o país, mas sim por causa de cargos, de benesses que do poder central emanam.
Daí o melindre toda vez que um ou outro desejo particular deixar de ser atendido pelo governo. Isso, inclusive, resultou em rejeição da recondução do diretor-geral da ANTT, ou mesmo em desabafo público – “assinados” separadamente por republicanos, peemedebistas e petistas.
Situação que ocorre, e deverá acontecer uma série de outras vezes. Até porque a presidente não tem o traquejo político necessário, tampouco possui quem lhe sirva de articulador. A chefe da Casa Civil e a ministra das Relações Institucionais bem que poderiam desempenhar o tal papel, contudo, desconhecem as regras do diálogo, da negociação.
Ocupação que caberia, e bem, para o vice-presidente. Até pela sua vivência política. Mas ele, pelo jeito, não inspira confiança. Desconfiança que sentia a presidente em relação aos antigos líderes do governo na Câmara Federal e no Senado. Possivelmente, por isso, foram substituídos nos ditos postos. Os parlamentares substitutos, pelo seu turno, têm dificuldades em atrair os descontentes congressistas. Estes, bem como os demais integrantes da tão badalada base, continuarão a exigir a liberação das verbas referentes às emendas no orçamento, cargos e benesses outros.
Daí a crença de que a crise na base aliada deva continuar. O triste de tudo, entretanto, é perceber que a maioria dos brasileiros continua satisfeita com sua condição de torcedor. Inclusive no período eleitoral, quando se deixa levar uma vez mais pelas ondas ou do “gostar” ou do “não gostar” para defender o postulante “A”, ou “B” ou “C”. Não por suas virtudes administrativas, competência técnica e habilidade política.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Fonte:
RDNEWS
URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/239/visualizar/
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