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Opinião
Terça - 26 de Março de 2019 às 16:37
Por: Luiz Fernando Amorim

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O Hospital Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, é o mais antigo do Estado de Mato Grosso e já comemorou seus 201 anos de existência. Isso não é pouco para uma cidade que vai comemorar seus 300 anos no mês abril. A fundação dessa instituição remonta aos idos do Brasil Colônia, passando pelo Brasil Império e até hoje continua sendo uma referência, não só para Cuiabá, mas para todo o estado. Foi inaugurado em 1817, portanto, cinco anos antes da Independência do Brasil (1822).

Minha família assim como tantas outras pessoas que da Santa Casa um dia se valeu, tem forte carinho por esta instituição, tanto que minha mãe, minha esposa e uma tia fizeram cirurgia nessa instituição, sem falar de tantos outros parentes que se valeram dela nas horas mais difíceis da vida. Minhas raízes estão aqui e assim como todos os cuiabanos de outrora ou de agora temos ligações afetivas profundas com esta valiosa e importantíssima instituição, pois ali nasceram milhares de pessoas, milhares de vidas foram salvas e outros tantos choraram a perdas de seus entes queridos. Perdas sim, mas com a dignidade devida.

Nascido em Cuiabá, me formei em medicina no ano de 2004 e tive a honra de ter entrado na Santa Casa no ano de 2012 e por lá fiquei até 2016. Portanto, fiz parte do corpo clínico desta instituição onde fiz, durante este período, vários atendimentos médico, fui plantonista e afirmo: mais da metade das minhas atividades cirúrgicas que ali realizei foi pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Realizei cirurgias de alta complexidade nas áreas de joelho e quadril. Na época, realizava três ou quatro cirurgias de alta complexidade por semana.

Tive muitos pacientes de convênios particulares que várias vezes me perguntavam: doutor, como faço pra realizar uma doação pra Santa Casa? Faziam isso porque sentiam um humanismo no atendimento e sempre viram esse hospital como um verdadeiro hospital filantrópico. A instituição está pronta, está lá, não é possível que vão deixar destruir uma história linda para depois construir outra com o suado dinheiro público sob a alegação que falta hospital em Cuiabá.

Por tudo isso é que senti vontade de me manifestar diante dessa situação porque passa esta casa. Assim como tantas outras pessoas, tenho um enorme carinho e amor pela instituição Santa Casa. Sempre a vi como uma mãezona. Sempre estendendo a mão à população mato-grossense sem distinção nenhuma. Um hospital humanizado com os pacientes e com os funcionários que ali trabalhavam, não da para acreditar que chegou a este ponto.

Logo entendo que a instituição é muito maior que todas as pessoas envolvidas neste imbróglio; a Santa Casa, por sua própria história, merece respeito e atenção das autoridades do nosso Estado e do país. Não pode ser destruída nem por má gestão, muito menos por interesses políticos eleitoreiros, ou por interesses econômicos de grupos que para obter lucro não se importam com a tragédia alheia.

Quero dizer que o problema no momento é de polícia, de Ministério Público. Precisa de investigação, precisa de esclarecimento de todos os envolvidos. O não funcionamento da Santa Casa interessa a quem? Na briga da maré com o rochedo quem apanha é o marisco. Quem já esta sofrendo é a população que dela precisa.

Luiz Fernando Amorim é médico ortopedista em Cuiabá/MT - CRM/MT - 6292



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