A hora da autocrítica A censura está cada vez mais presente, abrindo as asas sobre as liberdades civis
Nesta primeira semana de maio, do ano I da “Nova Política”, li sobre as lamúrias de um empreendedor do ramo de diversões reclamando da dificuldade conjuntural e anunciando o fechamento de sua empresa, por questões de natureza econômica. Deu “spoiller”, revelando a iminência de extinção de outras opções de lazer da noite cuiabana.
O falido empresário disse que há uma crise crescente no Brasil, iniciada há cinco anos e que tende a se agravar. Argumentou que a solução para o salvamento do precipício é a extinção da previdência social pública, coisa que os canalhas chamam de reforma e os bandidos do rentismo tratam como “nova previdência”.
Os fatos e as reações me lembram sobre a tal autocrítica, cobrada por setores de empresas de comunicação, “vendedores de opinião” em geral, quanto entrevistavam os atores políticos do processo eleitoral. Exigiram que, antes de pedir votos, os candidatos e partidos políticos deveriam refletir sobre o que fizeram, revisitar suas obras.
Aquele “maluco” do Planalto só fala em guerra, nada de apresentar um projeto sequer para melhorar a leitura das crianças, a saúde pública, a conservação das estradas ou o incremento dos serviços públicos para a população brasileira
Bom, sobre a noite cuiabana, outrora atraente e animada, sua rentabilidade é afetada diretamente pelas blitze irresponsáveis, que – à justificativa de prender meia dúzia de bêbados – paralisam a circulação noturna, asfixiando os movimentos de lanchonetes, restaurantes e casas de shows. Avise-me quando uma blitz da “Lei Seca” prender uma carga de armas, um grande transporte de drogas, ou recuperar alguns veículos em poder de bandidos, entre os milhares que são furtados e roubados todos os dias em nossas cidades.
Para prevenir acidentes de trânsito, prender e punir condutores em direção perigosa que tal usar a inteligência? As centenas de câmeras espalhadas pela Capital mostram o infrator em ação e uma guarnição pode ser acionada para afastar o perigo. Ao invés dos radares “afanadores de dinheiro”, que tal espalhar câmeras que monitorem e registrem o trânsito, em tempo real? Muito mais eficaz que os tais “pardais” e as caríssimas operações midiáticas no trânsito.
Volto ao principal. De fato o Brasil vive o seu momento mais perigoso da história recente, e a violência contra a Democracia iniciada há uns cinco anos precisa ser reconhecida como uma causa real. Ao não reconhecer a derrota na eleição de 2014, e iniciar uma sabotagem sem limites ao governo, com o apoio da Rede Globo e do sistema financeiro, Aécio Neves deflagrou essa crise sem precedentes. E o pior é que, neste ano de 2019, não se observa a política se reinventando ou propondo solução para os 13 milhões de desempregados e a asfixia da criminosa crise da dívida, uma forma de drenar dinheiro das políticas públicas para os bancos.
Aquele “maluco” do Planalto só fala em guerra, nada de apresentar um projeto sequer para melhorar a leitura das crianças, a saúde pública, a conservação das estradas ou o incremento dos serviços públicos para a população brasileira.
A mídia corporativa está sendo escrachada, repórteres achincalhados, proibidos de participar de entrevistas coletivas e de alguns pronunciamentos oficiais. A censura está cada vez mais presente, abrindo as asas sobre as liberdades civis.
Não reconhecer o Golpe de 2016 e a sabotagem após a Eleição de 2014, a manipulação da opinião pública por grandes empresas de mídia, a criminalização da política e que o Brasil foi entregue nas mãos de uma corja homicida, que em pleno 2019 faz política com os métodos da violência e intimidação, é sinal de que a autocrítica na mente dos outros é refresco! Que tal analisar o cenário e reconhecer que a destruição da CLT não gerou empregos? Que o fim da gratuidade das bagagens no transporte aéreo não diminuiu o preço das passagens? Que a distribuição de renda via programas de inclusão social ajuda a economia, e que o sujeito que defende que o dinheiro da previdência vá para os bancos, matando nossos idosos à míngua, tem que ser desmascarado?
VILSON PEDRO NERY é advogado especialista em Direito Público.
Comentários