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Opinião
Segunda - 13 de Fevereiro de 2012 às 22:52
Por: Lourembergue Alves

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Fala-se bastante em disputa pela presidência do Parlamento mato-grossense. Isso ficou mais forte nos últimos dias. Talvez como reflexo da discussão em torno de nomes para a disputa das prefeituras. Ainda que esta nada tenha a ver com aquela. Pois, em tese, trata-se de instâncias de poder diferenciadas. Mesmo assim, o debate sobre uma não descarta o discutir a respeito da outra. Até pelos interesses particulares que as provocam. Ambas, no entanto, dispensam a participação da sociedade. Participação imprescindível quando se está em democracia. 
 
O viver democrático exige a participação do conjunto dos cidadãos. Não apenas de meia dúzia de pessoas, a exemplo do que se vê com relação à conversa em torno da escolha do futuro presidente da Assembléia Legislativa. Embora alguém diga – e geralmente não falta quem irá dizer – que já se avançou muito em tal processo. Pois “saiu das mãos de um ou dois manda-chuvas” da Casa. Estes, quase sempre, “se revezavam entre a 1ª secretaria e a presidência”. Prática que deve prevalecer também agora. Porém com um coadjuvante alçado ao status de ator principal, em substituição a certa figura de proa que se perde nas ondas de suas próprias vontades, ora a ensaiar sua ida para o Tribunal de Contas, ora para a presidência da Mesa Diretora, e entre esta e aquela a suposta condição de candidato a prefeitura da Capital. 
 
Situação que provoca desconforto. Inclusive capaz de trazer instabilidade dentro da sigla com a maior bancada de parlamentares, e que se acha dividida entre duas candidaturas a chefia do Legislativo regional.
 
Racha, discussão e negociatas que poderiam ser evitadas com a “intervenção” do eleitorado. Intervenção a ser registrada no dia da eleição, cujo resultado das urnas também determinaria a composição da Mesa Diretora, com os dois deputados mais bem votados a se revezarem, a cada biênio, na presidência da Casa, e os demais cargos ocupados conforme a votação individual de cada eleito. 
 
Estabeleceria, assim, o exercício democrático no seio do referido poder. Exercício que, por sua vez, descartaria as negociatas. Pelo menos as que promovem a formação da Mesa, com o deputado a se esquivar de manifestar a favor ou contra determinada candidatura. Isso quando não se ausenta, com o fim de evitar o contato com candidato que não tem ou não pode ter a sua aprovação. Artimanha usual nas disputas da presidência do Legislativo cuiabano. 
 
De todo modo, esse quadro destoa, e muito, do que se considera democrático. Prática, infelizmente, ignorada também quando são apreciadas as matérias encaminhadas pelo Executivo. Sobretudo neste momento, o de aprová-las ou rejeitá-las, uma vez que o governo – por ter a chave do cofre e a caneta para nomear – atrai e seduz o parlamentar-votante. Daí o emprego do termo “caititus” ao se referir aos deputados estaduais. Afinal, eles dizem “amém” a tudo que vem do governo. 
 
Comportamento registrado, igualmente, nas disputas dos cargos concernentes a Mesa Diretora. Pois votam conforme negociaram, e negociam com o fim de evitar a briga pela presidência da Assembléia. A próxima eleição, em setembro, não parece ser diferente. Apesar da existência de dois pretensos candidatos. Jogo de cartas marcadas.   

Lourembergue Alves é professor universitário, analista político e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.   


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