Acessibilidade, inclusão e economia
Sou médico ortopedista com especialização em quadril e joelho, por isso me credencio para falar da importância da acessibilidade como qualidade de vida para as pessoas e economia para o Poder Público.
É muito comum falarmos em acessibilidade e imediatamente pensarmos em pessoas que possuem dificuldades especificas de locomoção como se fosse somente para pessoas com deficiências, mas acessibilidade é muito mais que isso.
Atendo pessoas que contundiram porque ao chegar em sua casa a noite caíram e se machucaram gravemente porque sua rua não tem iluminação pública, falta asfalto e está cheia de buraco. E a pergunta que não quer calar é: quanto custa para a saúde pública o descaso com todos os tipos de acessibilidade possível?
Acessibilidade ainda é um tema pouco difundido, apesar de sua inegável relevância. Considerando que ela gera resultados sociais positivos e contribui para o desenvolvimento inclusivo e sustentável, sua implementação é fundamental, dependendo, porém, de mudanças culturais e atitudinais.
As decisões governamentais e as políticas públicas e programas são indispensáveis para impulsionar uma nova forma de pensar, de agir, de construir, de comunicar e de utilizar recursos para garantir a realização dos direitos e da cidadania.
Acessibilidade é um atributo essencial do ambiente que garante a melhoria da qualidade de vida das pessoas e reflete diretamente na economia, principalmente na saúde. Por isso deve estar presente nos espaços públicos ou privados de uso público, no transporte, e nos sistemas de comunicação, bem como em outros serviços tanto na cidade como no campo.
Com relação às pessoas que possuem algum tipo de dificuldades de locomoção é saúde, mas também é inclusão. As vias não podem ser um empecilho ao direito de ir e vir sem correr riscos de acidente. Trânsito, calçadas, portas e degraus não podem ser fatores de risco ou impeditivos para as pessoas.
A fim de possibilitar à pessoa com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República trabalha para implementação de medidas apropriadas para assegurar o acesso em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Essas medidas incluirão a identificação de barreiras à acessibilidade e a disseminação do conceito de desenho universal.
É melhor “prevenir que remediar”. Apesar de ser uma frase de vovó, é a mais pura verdade. Construir cidades inteligentes que protegem seus cidadãos, além de uma necessidade, é um dever do Poder Público que traz qualidade de vida e economia para o Estado. Hoje mais de 50% de pessoas que são atendidas em ortopedia e traumatologia e que ficam na dependência do serviço público, não estaria se tivéssemos acessibilidade adequada. Isso também chama economia.
Dr. Luiz Fernando Amorim é médico ortopedista e traumatologista em Cuiabá
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