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Opinião
Segunda - 22 de Julho de 2019 às 10:00
Por: Renato de Paiva Pereira

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O Iluminismo que começou França nos anos 1600 pregava, em outras coisas, o império da razão contrariando as “verdades reveladas” das religiões, principalmente as monoteístas. Não seria absurdo na época prever o declínio, senão o fim, das crenças no mundo civilizado em um ou dois séculos.

Passados 400 anos, o mundo continua cultuando seus deuses e santos com muita devoção. A mais antiga das religiões monoteístas, o judaísmo, que atribui sua origem a uma aliança com Jeová, considera o povo judeu o escolhido e se dizem descendentes dos patriarcas que tiveram contato direto com Deus. São uns 800 milhões no mundo, principalmente em Israel e nos Estados Unidos.

Bem menos que esses - cerca de 20 milhões - estão convencidos de que há mais ou menos 200 anos, nos Estados Unidos, nas proximidades de Nova York, um jovem foi escolhido para uma missão divina. Surpreendido por uma luz intensa, enquanto meditava, perdeu a consciência e arrebatado por ela se viu em uma montanha, onde foi apresentado a diversas placas de ouro que estavam ali enterradas. Essas placas continham uma escrita misteriosa em língua desconhecida. Encarregado da tradução, dedicou-se ao serviço, resultando no livro sagrado dos ”Santos dos últimos dias”. São os Mórmons.

Qual lhe parece a narrativa mais verossímil? A do povo escolhido por Deus; a do místico americano que recebeu as pranchas de ouro; o texto ditado pelo Arcanjo Gabriel ou a concepção da virgem da Galileia?

No ano 600 de nossa era, no oriente médio, mais precisamente na cidade de Meca na Arábia Saudita, um homem teria sido arrebatado por uma estranha aparição. Nela o Arcanjo Gabriel o incumbia de converter os patrícios ao monoteísmo. Pelo Anjo, durante vários anos, foram-lhe apresentados textos do livro que ainda hoje é considerado sagrado por mais de um bilhão de pessoas no mundo. Estes são os Mulçumanos, espalhados por todo o mundo.


Mil e quatrocentos anos antes de Maomé – o fundador do islamismo - uma judia, que mesmo casada permanecia virgem, teria sido inseminada por uma divindade, vindo a dar à luz um filho que era Homem e Deus. Este Homem/Deus foi perseguido, humilhado e por fim morto pelos que não creram nele. Por fim ressuscitou e voltou a morar no céu junto com seu pai. No mundo são mais de dois bilhões de pessoas que acreditam nesse relato.

O judaísmo, nosso primeiro exemplo, tem 800 milhões de seguidores, entretanto seis bilhões e duzentos milhões de pessoas (população da terra menos os judeus) descreem da preferência divina por esse povo. A doutrina dos Mórmons – segundo caso - é aceita por 20 milhões de almas, todavia 6,98 bilhões a acham inconcebível. O Islamismo – citado em seguida - fascina 1,4 bilhão de seguidores, mas outros 5,6 bilhões de pessoas a rejeitam. O último, o cristianismo, congrega 2,2 bilhões de crentes e é rejeitada por 4,8 bilhões de não cristãos.

Qual lhe parece a narrativa mais verossímil? A do povo escolhido por Deus; a do místico americano que recebeu as pranchas de ouro; o texto ditado pelo Arcanjo Gabriel ou a concepção da virgem da Galileia?

Todos os seguidores desses quatro relatos estão totalmente convencidos que o seu é o verdadeiro e que os outros três são furados. Os ateus vão além: não acreditam em nenhum dos quatro.

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor.



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