Dia do advogado
Ao se aproximar o Dia do Advogado (11), eu deveria estar comemorando com alegria, prazer e honra de pertencer a esta tão nobre classe profissional.
Mas não. Estou triste e atônito ao ver a nossa classe (OAB) estar sendo ameaçada de extinção, e por estar sendo comandada por um Presidente, Felipe Santa Cruz, que defende o fim da Lava-jato por conta, segundo ele, da “paralisação” que as investigações trouxeram aos setores público e privado.
Em entrevista à Folha de São Paulo, ele afirma:
“O judiciário, assim como qualquer outro poder, deve responder pelos seus erros. Não devemos fazer da Lava-jato um livro em fascículos intermináveis. Para nós é preocupante a paralização do poder público, um apagão das canetas diante da insegurança jurídica”.
Segundo ele, o “país está parado” por conta das investigações que descobriram os maiores escândalos de corrupção da história do país”.
Na mesma entrevista, fez absurdas críticas à nomeação do Juiz Sérgio Moro para comandar o Ministério da Justiça.
Declarou ele:
“É um profissional que demonstrou ser capaz e habilitado para ser ministro da justiça. Entendo apenas que é um equívoco histórico. Quando ele entra na arena do Executivo, ainda com as melhores intenções, é óbvio que autoriza leituras mais duras sobre o processo que gerou uma profunda criminalização da classe política”.
Esta entrevista demonstra claramente que está defendendo a bandeira dos partidos de esquerda. Pura ideologia política.
Como Presidente da OAB, deveria apoiar as investigações e não condená-las. Não pode utilizar-se da OAB para defender suas ideologias ou até interesses pessoais.
A maioria dos advogados está a favor da continuidade da Operação Lava-jato.
E todos temos orgulho de ter um colega advogado, ex-juiz e atual Ministro da Justiça Sérgio Moro.
Sou saudosista. Sou do tempo que a OAB era presidida por figuras respeitáveis, como Raimundo Faoro e tantas outras.
Não sei como foi a eleição desse Presidente. Se está lá é porque a maioria do conselho votou, direta ou indiretamente nele.
Mas eu, ao se aproximar o Dia do Advogado, quero externar meu mais profundo descontentamento, com o rumo que está tomando nossa querida OAB.
A comunidade jurídica deveria refletir, se aceita ver a OAB como instrumento político ideológico, como o que está se delineando, ou voltada as atividades atinentes aos advogados, que exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração da justiça (art. 133 da CB).
Eu não aceito, e este Presidente não me representa.
OTACÍLIO PERON é advogado.
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