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Opinião
Terça - 17 de Janeiro de 2012 às 10:58
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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            Fugindo de supostos perseguidores, o motorista abandonou seu veículo e roubou outros quatro carros, à mão armada, disparando cerca de 30 tiros e ferindo algumas de suas vítimas. Depois, passou 12 horas dentro de uma tubulação de esgoto e entregou-se à polícia de São Paulo. Em Brasília, um policial matou o passageiro do veículo que bateu na traseira do seu carro. Diariamente, nas ruas e estradas de todo o país, trava-se a estúpida guerra do trânsito. Os veículos, projetados e construídos para promover a vida e o bem-estar do ser humano é por ele transformado em arma e acaba como agente indutor da morte.

            A posse irresponsável ou criminosa de veículo automotor é um dos mais graves problemas vividos pela sociedade brasileira. Tão ou mais letal que o problema das drogas, pois não depende de traficantes nem de usuários, envolvendo a totalidade da população. Condutores imperitos, psicopatas, bêbados, mal-educados e criminosos fazem a alarmante estatística do trânsito brasileiro. Suas máquinas, concebidas para o transporte pessoal ou de mercadorias são lançadas contra o ser humano e sacam-lhe a vida, seu bem mais precioso. Anualmente 40 mil brasileiros morrem todos os anos em acidentes de trânsito.

            O problema não é novo, mas seu agravamento ocorre nos últimos 40 anos, como decorrência da industrialização e da urbanização das populações. O numero de veículos, especialmente os de motocicletas, aumenta vertiginosamente e as vias públicas crescem em proporção bem menor. A simples questão espacial é um foco natural de tensão; mais veículos para as mesmas vias, causa congestionamentos e problemas. Mas há que se considerar também questões sociais e educacionais. Motoristas despreparados, estressados e impunes constituem o grande ingrediente para o caos instalado.

            Desde o começo, a impunidade levou à crença de que o veículo, em vez de meio de transporte, é instrumento de poder. Tradicionalmente, os motoristas brasileiros que causam acidentes não recebem punição e, por isso, continuam na vida errante. Muitos deles, quando ao volante, transformam-se em bestas-feras, esquecendo-se no outro veículo pode haver um psicopata e que, quando descem, também são pedestres.

            A necessidade do veículo como meio de transporte e o direito da população a esse bem são inegáveis. Mas a sociedade brasileira precisa, urgentemente, encontrar a fórmula da posse responsável. Tem de, a qualquer custo, recuperar o respeito, a urbanidade e a cortesia entre as pessoas, principalmente quando elas conduzem veículos que, mal utilizados, podem causar a morte própria ou de terceiros. Viver é o mais importante e a máquina tem de ajudar a preserva a vida, jamais promover a morte...

 

 

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br



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