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Opinião
Terça - 05 de Novembro de 2019 às 09:50
Por: Rosana Leite Antunes de Barros

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No último dia 31 de outubro foi divulgada matéria no site do Instituto Patrícia Galvão sobre como tem acontecido o empreendedorismo feminino. Conforme dito, e, através de estudos, as mulheres costumam, após parir, ser empresárias de seu próprio negócio.

É perceptível que com a chegada dos filhos e filhas, as mulheres acabam tendo que gerenciar a rotina de trabalho para poder exercer a maternidade. Apesar de direitos assegurados às mães quanto à licença maternidade, direito de amamentação etc., na maioria das vezes, não lhes resta outra alternativa.

A hipócrita realidade, nessas horas, deve ser dita. As mulheres sofrem demasiadamente quando costumam dizer que não possuem a vontade da procriação. De outro lado, padecem sobremaneira no mundo do labor, quando procuram por uma ocupação. É preferível que sejam solteiras sem vontade de convolar núpcias, e, ainda, sem desejo de terem filhos e filhas, se querem laborar fora de casa.

A capacitação e a independência são primordiais para que o gênero feminino possa ganhar respeito perante a sociedade, inclusive, para deixar o malfadado ciclo da violência doméstica. Entretanto, a vocação deve ser princípio

Perguntas neste sentido são dirigidas às mulheres quando buscam ocupação, primordialmente, na iniciativa privada. E no Poder Público isso acontece? Infelizmente acontece, não sendo regra. Cargos “ad nutum”, famosos por serem de confiança das autoridades, também fazem das mulheres alvo. Contratar mulheres comprometidas, e, às vias de casamento nem pensar. Querem a responsabilidade inerente ao gênero feminino, todavia, quando se fala em maternidade...

O que tem acontecido com as mulheres é o empreendedorismo obrigatório, por não haver outra forma de sustento. Mesmo com os direitos que lhes são assegurados, elas narram que após se tornarem mães, os empregadores acabam as mandando embora de alguma forma, com desculpas esfarrapadas, após o término da licença maternidade. A hostilidade tem tomado conta. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) detectou que 50% das mulheres são demitidas após dois anos de licença maternidade.

Com o advento dos filhos e filhas, a mulher que possuía dupla função, passa a ter tripla: trabalho, casa e descendentes. É possível perceber o quanto o mercado de comidas prontas cresceu, com os novos empreendimentos femininos. Fica evidente que muitas mulheres se descobriram grandes empresárias com a chegada dos filhos e filhas. Mas, será que todas possuem a mesma sorte e oportunidade? Administrar não é tarefa das mais fáceis. A mulher é a típica administradora do lar, antes de qualquer coisa. Na verdade, quando crianças elas começam a cuidar dos próprios objetos pessoais. Com a união, passam a administrar o lar.

Estudo realizado pelo RME detectou que de 2 mil mulheres ouvidas, 86% delas afirmou não ter se planejado antes de abrir o próprio negócio. Assim, seis ciladas foram vistas nesse empreendedorismo “forçado” às mulheres: falta de tempo; falta de conhecimento; falta de capital inicial; interesse temporário; falta de apoio e reconhecimento familiar; e, carga mental.

Qualquer forma de trabalho é deveras importante. A capacitação e a independência são primordiais para que o gênero feminino possa ganhar respeito perante a sociedade, inclusive, para deixar o malfadado ciclo da violência doméstica. Entretanto, a vocação deve ser princípio.

A mudança cultural quanto ao cumprimento real dos direitos humanos das mulheres é premissa para que a equidade não seja apenas “conversa” a desafiar a “fria e dura” realidade.

ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual.



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