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Opinião
Sábado - 16 de Novembro de 2019 às 07:28
Por: Eustáquio Rodrigues Filho

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Dias atrás conversei com minha filha. Ela me perguntou o que era paixão e como era estar apaixonado. Tentei responder rapidamente a ela, pois nosso tempo era escasso. Pensei em escrever essa trilogia – Paixão, Amor e Indiferença, começando com a paixão. Posteriormente passei a refletir melhor na pergunta dela e, do alto da minha experiência em paixões (e não falo isso com alegria), pude pensar o que seriam sintomas de estar apaixonado e em alguns eteceteras.


1 - Você pensa o tempo todo no "ser"
Existe algo que chamo de pensamento periférico. Que é quando você pensa em algo de forma secundária, mesmo estando focado em outra coisa ou tendo outro pensamento primário ocupando sua mente. Quando você está apaixonado, o objeto da sua paixão, quando não é seu pensamento primário, está o tempo todo ocupando sua mente de forma periférica. É quase uma praga, uma obsessão. A pessoa não sai de sua mente nem com Vanish.

2 – Você quer estar o tempo todo com a criatura
Não importa onde você esteja. Seja na Torre Eiffel ou no almoço de domingo no quintal poeirento da casa do seu cunhado, você vai desejar intensamente que o objeto da sua paixão estivesse ali com você. Pode ser o lugar mais legal do mundo, você pode estar se divertindo horrores, mas a vontade e o desejo de estar com o objeto da sua paixão não passa. Estará lá enchendo o seu saco, buzinando no seu ouvido, gritando no seu coração.

3 – Você começa a pensar que tudo o que você faz, seria melhor se estivesse fazendo com aquela pessoa
Aqui também não importa o que você faça. Pode ser um arroz com pequi queimado, um passeio pelo Rio Sena ou uma viagem de balão na Capadócia. Você não estará totalmente satisfeito porque saberá, no íntimo, que tudo aquilo seria muito mais gostoso com o objeto da sua paixão. Mesmo se divertindo, se encantando e se extasiando, seu pensamento primário ou periférico será: como seria bom se o cretino (ou a cretina) estivesse aqui!!!

4 – Ao pensar em perder esse (a) "desinfeliz", dá um frio na barriga
As paixões se caracterizam por serem similares a montanhas russas. Com o detalhe de que quando está tudo bem, a montanha russa parece sempre estar lá em cima, dando voltas maravilhosas, sem nenhum indício que vai descer. Mas quando as coisas vão mal, ou algo dá errado e a chance de o "desinfeliz" sumir da sua vida é real, dá aquele frio na barriga semelhante àquela descida de quase noventa graus que toda montanha russa radical tem. E é bem desagradável a sensação.

5 – Perde o senso da verdade objetiva
Todo mundo tem uma verdade. A sua verdade. Mas todos esquecem que há uma verdade objetiva, a qual a paixão cega. Dizem que o "amor é cego", mas não é o amor que é cego, a paixão é que cega as pessoas, fazendo com que elas vejam um mundo colorido, quando na verdade, a cor real é quase um sépia (nem vou dizer preto e branco, porque acho o preto-e-branco lindo). E essa cegueira é a trilha para o precipício.

Esses são 5 sintomas clássicos da paixão, mas não se esgotam neles. A paixão é um vício que libera certas substâncias em nossos corpos que dão prazer igual às drogas e vicia como tais. É extremamente agradável e igualmente perigoso. Fuja dela enquanto pode e enquanto tiver consciência disso, muito embora pense que quaisquer esforços nesse sentido sejam inócuos. Não dá para fugir do "apaixonar-se". Paixão, quando te pega, é avassaladora, um rolo compressor desgovernando que atropela quem estiver na sua frente. Dos muitos conselhos que eu poderia dar aos mais jovens, um seria este: não se apaixone nunca. Embora ache que ninguém jamais terá essa sorte. Não nesse planeta.

Eustáquio Rodrigues Filho – Cristão, Servidor Público e Escritor. Autor do livro "Um instante para sempre". Instagram: @eepelomundo.



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