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Opinião
Quinta - 19 de Dezembro de 2019 às 17:01
Por: Renato Gomes Nery

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Bamburro significa no dicionário dos garimpeiros encontrar uma grande fortuna. Todo garimpeiro é um sonhador. Um dia, quem sabe, nestes lugares incertos, ainda irei encontrar o que não guardei: uma grande pedra preciosa ou veio de ouro infindável. Seria um grande dia e daria uma grande festa. Todos ficariam felizes, pois, no garimpo, tudo se divide. Ninguém passa fome e ladrão desaparece. Iria para a zona do meretrício e, cumprindo a tradição, distribuiria dinheiro para as prostitutas e daria em todas elas um banho de Cerveja Brahma. Seria a definitiva e completa realização!

Acho que sempre persegui o sonho de garimpeiro: ficar rico e gastar à vontade. Imagino as delícias da gastança! O dinheiro sempre foi contado. Não pude, como queria, gastar à vontade. Não ter que fazer contas para empenhar o pouco que sempre ganhei. Mesmo agora que a vida melhorou eu não posso me furtar a fazer as malditas contas, pois senão o mais vira menos. Perdi as esperanças e nem na loteria eu jogo mais. Enfim, este sonho é uma quimera! Uma fantasia! Uma utopia!

Sempre tem um mas no meio do caminho. Que não é mais! Significa, contudo, todavia...! Se não fosse isto, tudo se encerraria de forma definitiva. Esta conjunção é para refletir, continuar e mudar. Sem ela Colombo não teria descoberto a América. Nem teríamos encontrado a alegria do samba e nem os argentinos a fatalidade do tango. Enfim, chego à conclusão que o mas é o motor do mundo. De mas em mas um dia chegaremos lá. Onde? Nos píncaros da glória!

E aí, para os descrentes e para aqueles que migraram para outras terras, diría: este é o País da esperança que alcançou a paz tão sonhada.

Qual seria o meu maior desejo, hoje, no outono da vida? Que este País, enfim, encontre o caminho da sorte grande. Que varra as abissais desigualdades, dê a todos educação, saúde, oportunidades e uma vida digna. Morreria desta forma com a doce sensação de que um dia tive um sonho! Sim, um sonho que se realizou: o bamburro.... Me despediria vislumbrando a minha caixa de engraxate que tanto ajudou na economia doméstica e com duas aspirações: que os filhos de garimpeiros serão doutores e não existirão mais prostitutas, pois todas a mulheres terão excelentes oportunidades de trabalho e não serão mais humilhadas, espancadas e mortas. Iria assim em paz!

Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br



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