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Opinião
Terça - 03 de Março de 2020 às 17:18
Por: Onofre Ribeiro

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Em janeiro de 2019 assumia a presidência da República o ex-deputado federal carioca de sete mandatos entre 1991 e 2018. Também ex-capitão reformado do Exército brasileiro.

Surgido do vácuo na sociedade e do vácuo político, veio do anonimato e venceu as eleições de maneira completamente inesperada. Erraram os institutos de pesquisa. Erraram os analistas políticos. Errou feio a oposição política. Na realidade, a eleição não foi mérito de Jair Bolsonaro, nem do Exército, nem do seu quase desconhecido partido de aluguel. Tampouco a mídia teve responsabilidade numa área em que alguns veículos de comunicação sempre dominaram.

Bolsonaro chegou à presidência sem dever muito a muita gente. Seu maior eleitor veio das redes sociais numa liga muito estranha

Bolsonaro chegou à presidência sem dever muito a muita gente. Seu maior eleitor veio das redes sociais numa liga muito estranha. Gente desconhecida se ligando numa onda do inconsciente coletivo onde predominou um desejo de afastar a esquerda do governo. Motivos são conhecidos. Não vou repetí-los aqui.

O objetivo deste artigo parte desses fatores que elegeram Bolsonaro presidente da República. Entrou no cargo sem projetos e sem apoio parlamentar consistente.

Sequer tinha um partido político efetivo. Nesse ambiente surgiu inesperadamente no cenário um profundo ambiente de radicalização ancorado em duas pontas: quem chegou ao poder contra quem perdeu o poder. Na proteção de tela popular aparece o confronto entre a esquerda e a direita brasileiras. Mentira.

No Brasil não tem esquerda e nem direita. Tem apenas desejos pelo poder representado por grupos distintos. Poder pelo poder. Simples assim!

Era de se esperar que esse confronto respeitasse o mínimo da lógica em geral praticada na política. Mas não. As duas bandas estão se odiando. Junto vão as chamadas corporações como o Judiciário e o Legislativo. Sem contar parte da mídia tradicional, apeada do seu poder de influência.

O que quer este artigo é dizer que o ambiente do confronto saiu da racionalidade. Assim como saiu da civilidade.

A conclusão é clara, dura e perigosa: estamos a um passo de uma perda do controle da política e da gestão. O Brasil está tão perto do abismo como estava em 1964. Respeitando as diferenças de época, estamos com as armas nas mãos e o desejo de ir pras trincheiras. Talvez ainda neste mês de março corrente.

Absolutamente irresponsável. Mas, talvez, seja o único caminho pra retomarmos a mínima lógica. O país precisa avançar, apesar dos seus governantes.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso



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