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Opinião
Quarta - 28 de Dezembro de 2011 às 11:21
Por: Mario Eugenio Saturno

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Quem disse que a "Voz do Brasil", programa obrigatório de Rádio, não tem alguma utilidade? Eu costumo ouvir sempre que possível. E não é que eu fui surpreendido por uma excelente notícia? A Câmara dos Deputados aprovou a inclusão do cientista Landell de Moura no Livro dos Heróis da Pátria. Ele foi padre e inventor, e até obteve, nos Estados Unidos, em 1904, a patente do transmissor de ondas de rádio, do telefone sem fio e do telégrafo sem fio.
 
Se o Pe. Landell não é reconhecido na América e na Europa como pioneiro na transmissão da voz humana sem fio, ao menos é no Brasil. É o mais novo herói brasileiro, um Projeto de Lei do Senado, iniciativa do ex-senador Sérgio Zambiasi, do Rio Grande do Sul.

Em 1837, o que se tinha em tecnologia de comunicação era o telégrafo por fios, inventado por Samuel Morse. O telefone com fio, de Graham Bell, veio em 1876,  e a radiotelegrafia de Guglielmo Marconi em 1895. O grande desafio era justamente transmitir um sinal de áudio sem utilizar fios, feito conseguido pelo padre e cientista brasileiro. O que pouca gente sabe é que o homem que conseguiu isso foi o Padre Landell em 3 de Junho de 1900, sendo que a distância entre o aparelho emissor e o detector foi de aproximadamente 8 quilômetros. E isso foi feito entre o bairro de Santana e os altos da Av. Paulista, na cidade de São Paulo.

O Padre Landell nasceu em Porto Alegre, em 21 de janeiro de 1861. Foi um gênio teórico e também um prático para construção de seus aparelhos. Ele era o cientista, o engenheiro e o operário ao mesmo tempo. Um ano depois de sua experiência inédita no mundo, Pe. Landell obteve uma patente brasileira para um "aparelho destinado à transmissão phonética à distância, com fio ou sem fio, através do espaço, da terra e do elemento aquoso" no dia 9 de março de 1901.

Consciente de que suas invenções tinham real valor, padre Landell partiu com destino aos Estados Unidos da América. Com parcos recursos Padre Landell teve que contar com a ajuda de amigos para levar adiante seu projeto. Apesar disso, conseguiu três cartas patentes: "Transmissor de Ondas", precursor do rádio - em 11 de outubro de 1904; "Telefone sem fio" e "Telégrafo sem fio" em 22 de novembro de 1904. E ainda em 20 de agosto de 1904, fez o "The telephotorama ou Visão à distância". Tratava-se da Televisão, que só em 1926, teria sua primeira demonstração pública.

De volta ao Brasil, escreveu ao Presidente da República, Rodrigues Alves, a quem solicitou dois navios para demonstrar suas invenções. Um assessor do governo o procurou e Padre Landell informou que desejava entre os navios a maior distância possível, e isto naquele momento, porque no futuro, quando aperfeiçoasse os seus aparelhos, serviriam até para comunicações interplanetárias. Padre Landell foi julgado louco. E o Brasil perdeu mais um gênio e uma oportunidade histórica. Cem anos depois ainda somos um gigante adormecido, buscando espaço no mundo.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



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