Há esperança? Em tempos de pandemia e crise econômica, fiscal, cambial e política, multiplicam-se as notícias negativas
Em tempos de pandemia e crise econômica, fiscal, cambial e política, multiplicam-se as notícias negativas. Muitos que já têm tendência ao negativismo resvalam para o desencanto, o pânico e a depressão. Nessas horas, ainda há espaço para falar de esperança?
Sim! É exatamente nos momentos mais difíceis, mais sofridos e mais amargos que a esperança é mais necessária. É quando a esperança e a fé restabelecem nosso ânimo, renovam nossas energias e nos impulsionam ao trabalho. E sem trabalho não se soluciona nenhuma crise, não se enfrenta nenhum problema.
Não me refiro a uma esperança vã, pueril, ilusória, desconectada da realidade. Não me refiro à esperança empregada como fator de manipulação da opinião pública por populistas e demagogos de todos os quadrantes ou por pretensos gurus que enriquecem ludibriando a boa-fé das pessoas.
Aliás, por falar em populistas, é preciso desenvolver também uma vacina de bom senso para os cidadãos, de modo a que consigam identificar e neutralizar esses ilusionistas que representam uma crescente ameaça à democracia. Ultimamente, tenho observado proliferar várias novas cepas de populismo: o populismo fiscal, o judicante, o midiático, entre outros.
Em tempos de pandemia e crise econômica, fiscal, cambial e política, multiplicam-se as notícias negativas. Muitos que já têm tendência ao negativismo resvalam para o desencanto
A esperança a que me refiro é aquela que tem raízes na realidade. A que tem probabilidade concreta de ocorrer caso o esforço necessário para que aconteça seja executado com precisão e de forma tempestiva. É a esperança que não apenas se sonha, mas a que se constrói nas lides diárias.
Recentemente, em virtude de trabalhos de fiscalização exercidos pelo Tribunal de Contas tive acesso a diversos indicadores de resultados positivos na execução de políticas públicas municipais.
Não citarei nominalmente os municípios porque o propósito desse artigo não é o de exaltar esse ou aquele gestor, mas assinalar que, mesmo em tempos de adversidade, é possível melhorar a gestão pública e servir melhor à sociedade. E, se alguns estão conseguindo, há esperança de que muitos outros também possam fazê-lo.
O município A, da região Sudoeste, elevou de 32,2 para 81,5% a taxa de cobertura da atenção básica à saúde. O município B, do Norte, reduziu de 878 para 76 o número de focos de calor registrados no INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O município C, do Centro-Sul, elevou de 40,1 para 79,3% o índice de cobertura da educação Infantil.
O município D, do Sudeste, alcançou 83% da população atendida pelas equipes de estratégias de saúde da família. O município E, do Nordeste, elevou de 58,8 para 72,7 a proficiência em língua portuguesa dos alunos das séries finais. O município F, do Sudeste, reduziu de 24,6 para 10,6 a taxa de mortalidade infantil.
Em outros municípios matogrossenses, foram alcançados resultados expressivos em termos de redução de acidentes de trânsito, regularização fundiária, erradicação do trabalho infantil, redução da pobreza extrema, incremento da agricultura familiar, popularização de bibliotecas, gestão de medicamentos nas farmácias populares, redução da incidência de dengue etc.
Todas essas conquistas representam melhorias palpáveis na qualidade de vida dos mato-grossenses. Todas estão documentadas e foram apresentadas esta semana em workshop realizado no TCE-MT que, em parceria com a UFMT que emprestou a expertise de seus professores, desenvolveu nos últimos anos, junto a cada um desses municípios, um intenso e profícuo trabalho de capacitação em planejamento estratégico e estímulo ao controle social.
Com isso, no exercício de sua função orientadora, o órgão de controle externo contribui, com efetividade, para o aprimoramento da gestão pública em benefício da sociedade.
Analisando esses resultados, concluo que sim, há razões para termos esperança. Trabalhando de forma séria, dedicada, respeitosa e com planejamento, as vitórias frutificam no tempo oportuno. Nosso país, nosso estado e nosso povo possuem um imenso potencial. Há que trabalhar para fazer da esperança realidade.
Luiz Henrique Lima é conselheiro substituto do TCE-MT.
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