Irresponsabilidade presidencial
Vivemos num momento uma grave crise de saúde pública, de governabilidade e principalmente de egoísmo daqueles que poderiam contribuir para um clima de unidade em torno dos esforços visando combater o COVID-19, e consequentemente passar por essa turbulência mundial, com o maior número de baixa possível, preservando vidas e respeitando o próximo.
Deveria existir um ambiente de pacto entre União, Estados e Municípios, com ações coordenadas e unificadas, e o que se percebe é completamente o oposto, as autoridades não se entendem e estão longe de consenso, a começar pelo Presidente da República, que ignorando todas as recomendações dos órgãos de saúde, profissionais da área e exemplos vindos de fora, que jogou parte da sociedade contra os prefeitos e governadores que vinham tratando a situação com a preocupação merecida.
A partir daí, o que se viu foi um festival de liberalidade que pode comprometer todo o trabalho desenvolvido até então. Governadores e prefeitos se viram acuados e resolveram afrouxar as regras impostas para evitar a contaminação do vírus.
A irresponsabilidade e desdém com a vida alheia, vieram também de setores da economia, que inflados pela maior autoridade política desse pais, saíram as ruas em passeata, reivindicando a abertura dos comércios, com o escopo de preservar a economia, ignorando o clamor pelo isolamento social.
É certo que estamos diante de dois grandes problemas, um de saúde e outro econômico, e os dois precisam de remédios distintos, sem que um prevaleça sobre outro, em que pese, na minha leda ignorância, a vida ser mais importante que o aperto econômico.
Num primeiro plano precisamos estancar o avanço da doença, e num segundo, esforços dos governos para evitar uma quebradeira geral, e socorrer empresas e empregados, pois estamos no mesmo barco.
Setores essenciais de fato precisam funcionar, para garantir o abastecimento, e a estes deveriam ser envidado esforços para preserva-los, e os demais desnecessários permanecessem fechados e depois que a tempestade passar concentrar esforços para salvar a economia, logo, salvamos um de cada vez.
O discurso brasileiro destoa do de todo o mundo, enquanto que as autoridades pronunciaram pelo “fique em casa” no Brasil cresce a moda do “não fique em casa, vamos para rua”, inclusive o presidente da república, que exterioriza um péssimo exemplo de insignificância da vida, seja ela qual e de quem for, de criança, jovens e idosos, ricos ou pobres.
Não existe entendimento entre representantes dos poderes, salvo raras exceções, com os setores da economia, e outros, e assistimos praticamente um cada um por si e Deus por todos.
Como chamou para reflexão o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta para a leitura do poema “No meio do caminho” de Carlos Drummond de Andrade, temos uma pedra no meio do caminho da sensatez, prudência, responsabilidade, consciência e valor a vida.
*Edivaldo de Sá Teixeira é advogado em Nortelândia, Pós Graduado em Direito Civil e Processo Civil e Pós Graduando em Compliance -edivaldodesaadvogado@gmail.com
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