Repórter News - reporternews.com.br
Opinião
Quinta - 02 de Abril de 2020 às 06:00
Por: Fernanda Trindade

    Imprimir


Um computador com dezenas de abas abertas e um celular que não para de tocar trazendo notificações de novas atualizações. A cada dia clicamos em uma velocidade impressionante para não perdermos tempo e nenhuma novidade. A tecnologia moderna trouxe o smartphone, o tablet, o videogame, o e-book e de brinde ganhamos a ansiedade em estarmos sempre conectados.

Com isso, veio também a viciante vontade de nunca se desligar. Mas, o famoso “só mais um pouquinho” conectado à internet traz uma sensação de que o tempo está se encaixando sim, na velocidade da luz. Esse tempo realmente parece que mudou pela nossa ansiedade de querer tudo pronto naquele exato momento. E quando algum desses equipamentos tecnológicos trava, parece que o mundo vai acabar. Vinte e quatro horas está passando rápido demais, não é mesmo? Nossa noção sobre segundos, minutos e horas está se perdendo. E assim afirmo: o tempo, a tecnologia e a ansiedade estão totalmente interligados.

E esse pacote da vida moderna acaba sendo filtrado pelo corpo e pela mente. Segundo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estado Unidos da América, em média 7% da população mundial sofre de algum tipo de transtorno de ansiedade. Para se ter ideia,ansiolíticos, remédios que reduzem a ansiedade e a tensão,são os medicamentos controlados mais usados no Brasil. Um mundo hiperconectado, imediatista, com um volume de informações cada vez maior, justifica esse boom de ansiedade na população.É certo que funcionamos de acordo com as realidades sociais em que estamos inseridos. E claro, a realidade virtual faz parte de nossas vidas e é absolutamente real.

Somos afetados subjetivamente e psicologicamente. E isso produz novas formas de pensar, novos comportamentos e formas de sentir. Mas será que tudo isso é saudável? A ansiedade e o estresse fazem parte da experiência humana, possuem, inclusive, uma importância evolutiva. Mas, estamos passando mais tempo em contato constante com outras pessoas e há menos tempo para relaxamento. Uma vida por celulares, redes sociais e e-mails pode talvez dificultar o descanso físico e mental. É inegável a agilidade que eles trazem à rotina, mas é difícil definir o que é exagero. Há um grande número de pesquisas mostrando que as novas gerações estão crescendo inconscientemente dependentes de tecnologia. Por isso, como saber se passamos do limite?

Mas, ainda volto na questão do tempo, afinal está tudo interligado. Outra famosa frase “cada um temo seu tempo” não faz mais tanto sentido assim, já que o tempo está depressa demais para todos. Talvez a ansiedade dói, porque a velocidade dessas tecnologias não é a mesma que a nossa, a de cada ser humano. Não somos máquinas.E como aceitar que um problema pessoal demore tanto tempo para passar? Não tem como fazer esse tempo biológico passar mais rápido?

Não vim aqui dar nenhuma resposta, até porque infelizmente não as tenho. Mas, fica uma reflexão sobre essa interligação de tempo, tecnologia e ansiedade. Como vamos evitar o mal do século?

Fernanda Trindade é jornalista em Mato Grosso



Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/2969/visualizar/