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Opinião
Segunda - 06 de Abril de 2020 às 10:41
Por: Gonçalo Antunes de Barros Neto

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O tempo nunca foi tão precioso como agora. O tempo do coronavírus identifica uma ordem causal, um espaço/tempo específico, e vem confirmar a teoria einsteinianada relatividade. O tempo não é só absoluto. Newton, Leibniz e Kant chegaram a essa conclusão antes, mas por fundamentos diversos.

O tempo, aqui, não flui de forma uniforme, mas causal. Altercando com a esperança, ápice e controle da disseminação de um vírus.

As pessoas começam a se entender com a sorte, ou a sorte passa a ser uma possibilidade próxima da impotência e desespero. A sorte também passou a ser medida em tempo, sua densidade na realidade (sim, passou a ser real ou muito próxima da realidade) depende da menor ou maior distensão temporal.

A procura por índices de mortalidade ou cura passou a ser a panaceia para a ansiedade, 0.3%, 3,5% e assim sucessivamente, variando conforme a idade e condição física do desafortunado. Virou quase algoritmo, um algoritmo COVID-19.

Esconde-se de algo imperceptível, que não bate à porta, que não se vê e contra o qual não se tem munição apropriada. Ganha-se tempo, recluso, como quem tapeia, assombrado, a realidade.

O tempo nunca foi tão precioso como agora. O tempo do coronavírus identifica uma ordem causal

Sim, o que se busca é ganhar tempo para recompor, a cada etapa, o sistema de saúde e seus profissionais, objetivando a que a regularidade e gerência da situação não se perca em caos. No caos há instabilidade de tudo e o tempo passa a ser considerado de forma imprecisa, pois, a cada fenômeno fora da ordem natural das coisas, uma causa a ser considerada. Isso seria pior que a ‘teoria do caos’, posteriormente mais desenvolvida por Edward Lorenz (efeito borboleta).

A solidariedade anda um pouco esquecida, talvez procurando uma causa para tudo isso.

O dar de si é virtuosidade dos santos. O que seria da humanidade sem as boas almas que por aqui aportam? Amar, sem pedir nada em troca. Nunca fazer ao semelhante o que não gostaríamos que fizessem conosco. Eis um certeiro mandamento humanitário.

De outro norte, aproveitemos a situação para mudanças profundas na sociedade, um mundo de igualdade material e de comunhão. As instituições, e em especial a Igreja Católica, estão num processo de diáspora histórica, de mudanças para melhor, e a prova disso são as boas novas do Papa Francisco.

As razões dos ricos serão questionadas. Nada prevalecerá antes de um processo depuratório e dialético: o povo aprenderá a pensar.

O mundo avançará em direção a algo esplêndido, mágico, espiritual. É sintomático, sintamos; observemos. Não haverá força reacionária a domar ou retardar essa onda, o mundo será reinventado.

O tempo terá sua linearidade, acredite. A existência de fatos temporais é a maior abertura para a mudança. Heráclito e sua lógica do movimento, de fruição das coisas, será reverenciado por lançar as bases primeiras disso tudo, um pensamento, posteriormente comprovado pela simples observação e comparação.

Que estejamos vivos para os novos tempos...

É por aí...

Gonçalo Antunes de Barros Neto é graduado em Filosofia e Direito pela UFMT.



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