“Poder” de controlar os preços
É bem provável que após o fim da pandemia do novo coronavírus, tenhamos aprendido muitas lições, aprendizados estes, que cada um terá, dependendo de sua capacidade de reflexão e assimilação, e certamente, talvez seja o que de mais importante extrairemos desse momento em que o mundo todo se encontra de joelhos perante o Covid-19.
Ao contrário do álcool gel, luvas, máscaras, aparelhos de respiração e outros insumos utilizados no combate ou tratamento do vírus, que tiveram seus preços alçados a valores até então inimagináveis, o preço do litro da gasolina tem caído nas bombas, justamente porque este teve reduzida a sua procura, ocasionada pelo isolamento social recomendado pelas autoridades de saúde.
Economicamente estamos diante da Lei da Oferta e Procura, cujo modelo é determinante para estabelecer os preços num mercado, visto que nos períodos em que a oferta de um bem ou serviço excede a procura (ou demanda), seu preço tende a cair, já em períodos nos quais a procura (ou demanda) passa a superar a oferta, a tendência é o aumento do preço.
Em linhas gerais: se a oferta é maior que a procura, os preços diminuem; se a procura é maior que a oferta, os preços aumentam.
Com o combustível, a oferta hoje é maior que a procura, e o resultado é a queda nos preços, e o contrário com o álcool gel, luvas, máscaras e outros insumos em que a procura é maior que a oferta, logo, os preços aumentaram.
Esse comportamento acontece volta e meia, com outros produtos, dependendo do período ou das condições de cada segmento.
Em meio à pandemia do novo coronavírus e com a diminuição no movimento de pessoas nas ruas, o preço da gasolina despencou em todo o país, e em muitas regiões a queda chega a 60% nas vendas devido à pandemia.
Poderíamos comportar de maneira diferente, e quando os preços dos combustíveis subirem, deveríamos deixar nossos carros nas garagens, o que fatalmente derrubaria os preços, mas em dias normais, corremos para os postos de gasolina para encher o tanque e mesmo reclamando, gritando e esbravejando, os preços continuam subindo.
Recentemente, experimentamos um aumento no preço da carne, e ao invés de deixar de consumi-la, seguimos fazendo filas nos açougues para comprar o produto, e se tivéssemos deixado de procura-la, não resta dúvidas de que seu preço teria se estabilizado e em muitos casos retornado ao patamar anterior.
Esse comportamento deveria existir toda vez que nos depararmos com preços considerados abusivos, ou seja, deixarmos de comprar e consumir. Logo, possuímos o “poder” de controlar os preços, porém, não utilizamos essa ferramenta no dia a dia.
Assim como grupos se organizam nas redes sociais para manifestos políticos ou outros, dever-se-ia usar também esse meio de comunicação para convocar as pessoas e encorajá-las a não consumir quando os preços de produtos e serviços estiverem subindo no mercado.
Enfim, muitos comportamentos estão sofrendo alterações em tempos de pandemia, e estamos redescobrindo valores e desnecessidades, futilidades e necessidades, e como somos consumistas e podemos viver melhor.
Edivaldo de Sá Teixeira é advogado em Nortelândia, Pós Graduado em Direito Civil e Processo Civil e Pós Graduando em Compliance, radialista, e diretor de Jornalismo da Rádio Difusora FM de Nortelândia.
Comentários