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Opinião
Sexta - 16 de Dezembro de 2011 às 10:05
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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A cena, estampada nos jornais e sites de notícias e veiculadas pela TV, na segunda e terça-feira passadas, que mostra o médico Roberto Kalil Filho cumprimentando o ex-presidente Lula pela boa recuperação, é forte. Independente de preferências pessoais ou político-ideológicas, o flagrante expõe o ser humano em sua plenitude de reações após a fragilidade física, que o fez abrir mão até da própria imagem pública. E, com ênfase talvez maior que o do paciente, aparece dona Marisa Letícia, a guerreira sempre presente, cuja expressão facial parece noticiar que o pior já passou.

Durante toda a sua vida e, principalmente no decorrer de sua militância sindical e política, Lula contou com o porto seguro de pelo menos duas mulheres fortes. Primeiro sua mãe, dona Lindu, que passou muitas privações para criar sozinha os filhos  e morreu quando ele se encontrava preso no Dops e, desde a sua decolagem política, dona Marisa, sempre ao seu lado nas jornadas que empreendeu. Terminada a vida nômade imposta pelos oito anos do poder, de volta a São Bernardo do Campo, o casal tenta retomar a vida relativamente e reservada, mas surgiu a doença.

Durante o seu sofrimento, Lula tem ao seu lado a figura feminina que o ampara e, principalmente, o incentiva a lutar e vencer. Onde quer que ele vá. Na consulta médica, na internação, na festa ou no campo de futebol, lá está ela ao seu lado, como quem garante forças. Já vimos, em nossas vidas, esposas de governantes e personalidades do meio político bem posicionadas e até ativas e com funções definidas pelos próprios maridos. Mas com dona Marisa é diferente. Parece que seu espaço não foi definido por ninguém, que é algo conquistado naturalmente. Essa condição fica mais explícita, ainda, no infortúnio.

Lula é, inquestionavelmente, um homem forte, de sorte e sucesso. Migrante, como muitos, vindo do nordeste no pau-de-arara, encontrou o caminho da profissionalização e com ele as veias do sindicalismo e da política que o transformaram no primeiro operário a governar o país. Suas imagens recentes mostram que, apesar de toda a vida diferenciada dos últimos 30-40 anos, um dos fatores do seu sucesso é a família. Primeiro a mãe, depois a mulher como ombro amigo e ponto de apoio para a manutenção da jornada.

A imagem de Marisa Letícia junto de Lula nos fornece um grande elemento de reflexão. Sugere a necessidade e a preservação dos valores familiares e reafirma a tradicional citação de que por trás de um homem de sucesso sempre há uma grande mulher. Embora, o Dia Internacional da Mulher seja comemorado em 8 de março, uma data relativamente distante, não podemos deixar passar a oportunidade de, através de dona Marisa, homenagear todas as mulheres brasileiras que, como ela, constituem o esteio da vida familiar e social deste país. No anonimato, elas cumprem uma grande e nem sempre reconhecida missão.    

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br



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