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Opinião
Sábado - 09 de Maio de 2020 às 06:56
Por: Fernanda Trindade

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Algumas perguntas me acompanham a vida toda: o que faz as pessoas se sentirem vivas? Como cada um de nós está vivo em seu corpo? A rotina moderna do século XXI faz com que não tenhamos tempo para quase nada. Precisamos estar sempre produzindo, trabalhando, rendendo ou faturando. Com toda essa correria de trabalho, faculdade, treinos e vida social, te pergunto: qual é o momento em que de fato olhamos para nós?

Vivos todos nós estamos, mas nem sempre sentimos. Fomos treinados a mostrar um sorriso quando a alma sangra. A deixar o corpo presente onde a alma não está. A ouvir o coração disparado e fazer cara de paisagem.

A grande questão talvez esteja em perceber o que realmente estamos vivendo nesse momento, apreender por meio do que sentimos. O que te faz sentir vivo pode acontecer em um milésimo de segundo, quando por exemplo, alguém que você goste muito, abre um sorriso e o seu coração começa a bater mais forte. Algo se transformou e você percebeu isso. E aí está outro ponto importante, a percepção. Se sentir vivo está relacionado ao se sentir presente e mais, perceber tudo isso.

E nós, nos sentimos vivos o tempo inteiro? Talvez não, porque a vida corrida, os deveres e obrigações, nos levam ao piloto automático e, tudo bem, não estou falando que isso seja ruim. Mas, mesmo nesses momentos, de correria, é possível se perceber vivo ou a melhor palavra seja, presente. Vou exemplificar isso com uma história pessoal.

Certa vez, ao voltar para casa após um dia inteiro de trabalho, vi um abraço de uma mulher com uma criança, poderiam talvez ser mãe e filho. Eu estava no Uber, e presenciei essa cena da janela do carro. Naquele exato momento, olhando os dois que estavam em uma calçada, respirei fundo e me senti consciente de mim mesma nesse mundo. É como a cena de um filme, de um personagem que está na correria do dia a dia, e de repente ao ver um simbólico abraço na rua, tudo fica em câmera lenta por um segundo. Este é o sentir presente que estou falando, apreender por meio do que sentimos.

Os pequenos detalhes fazem a diferença, porque são eles, os que causam maior impacto, os que mostram a grandeza das pessoas e os que nos roubam enormes sorrisos. Aqueles sorrisos espontâneos, das fotos desastrosas que nos fazem dar gargalhadas, do poema de dez palavras que lhe tiram lágrimas ou de um café que você toma sozinho. As pequenas coisas causam grandes emoções. E a realidade da nossa vida nos presenteia diariamente, a cada segundo e em cada pequeno detalhe, basta observar ao seu redor.

Toda essa ideia ainda está relacionada ao tempo, ao valor que damos ou não a esse tempo de entusiasmo, uma percepção atribuída aos detalhes, aos momentos, a importância de nos sentirmos presente.

Nesse sentido, há infinitas maneiras de sentirmos que estamos vivos. Você pode estar sentindo uma dor, desconforto, fome, sede, sono, cada um de um jeito. A vida é realmente repleta de coisas que não queremos, mas precisamos passar ou fazer. E a notícia boa, é que dá pra fazermos aquilo que realmente gostamos e nos fazem sentirmos vivos. Basta considerar o presente, viver de fato, valorizar os detalhes, os momentos. Podemos criar possibilidades para aproveitarmos o hoje e, deixarmos a ansiedade “um pouco” para amanhã.

Além disso, todas essas reflexões podem estar diretamente relacionadas à felicidade. Estar tão imerso na paixão por alguma coisa, pode nos deixar tão felizes. Você simplesmente aproveita o que está fazendo agora, sente parte integrante disso e aproveita cada segundo de tudo o que desenvolve. Sinta isso.

Em uma pesquisa de psicologia da Universidade de Berkeley, na Califórnia diz que buscar o sentido da vida faz você se sentir bem consigo mesmo, porque você está perseguindo algo maior do que você.

Mais uma vez, não vim aqui dar nenhuma resposta, até porque infelizmente não às tenho. Mas, fica então outra reflexão: encontrar e fazer o que te faz se sentir vivo, muda tudo?

Fernanda Trindade é jornalista em Cuiabá



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