A importância da carne Estudos mostram não haver evidências para recomendação de redução no consumo da carne vermelha
Estudos recentemente publicados pelo renomado instituto de medicina Annals of Internal Medicine, afirmaram não haver evidências científicas sólidas para sustentar uma recomendação de redução no consumo da carne vermelha.
Previsivelmente, não houve unanimidade na aceitação da pesquisa, porém até agora ninguém apontou erros metodológicos em sua condução. No estudo foi envolvido um consórcio internacional com milhares de pacientes, dezenas de pesquisas e envolvendo 55 tipos de populações.
A carne vermelha é uma excelente fonte de proteínas, minerais e vitaminas e para os que gostam de dieta ainda possui um baixo valor calórico. Entre os 20 aminoácidos que compõe a carne, nove não conseguem ser sintetizados pelo nosso organismo e já estão diretamente disponíveis na carne e são fundamentais na formação e regeneração de tecidos e reposição de células.
Os alimentos pela qualidade de sua proteína e seus aminoácidos são classificados por um índice chamado de valor biológico (VB). O VB da carne é de 70 a 80% enquanto o do ovo, considerado o mais completo dos alimentos, chega a 100%.
A carne é também rica em zinco, fósforo e ferro. O zinco tem papel importante no sistema imunológico, o fósforo atua na formação dos dentes e ossos e o ferro é primordial para o transporte de oxigênio, controlando a anemia. A carne também é fonte de vitaminas do complexo B, sendo que a vitamina B12 só é encontrada em produtos de origem animal e é fundamental nos processos de desenvolvimento do organismo.
Quanto ao colesterol, é só não exagerar nas gorduras. Análises concluíram não existirem diferenças significativas nos teores das carnes de aves, bovinos, suínos e peixes.
Juntando todos estes números podemos concluir, sem nenhuma dúvida, que a carne vermelha é um excelente alimento.
Há muita volatilidade nas recomendações nutricionais. O caso mais emblemático é o ovo, tantas vezes condenado e reabilitado. A ciência da nutrição enfrenta muitos desafios e é de extrema complexidade. O intervalo entre o consumo regular de um alimento e o eventual aparecimento de efeitos adversos sobre a saúde pode levar décadas e com períodos tão dilatados, torna – se quase impossível controlar todas as variáveis que influem na questão.
O mais sensato é manter uma dieta variada e equilibrada. A grande maioria dos alimentos que comemos, tem impactos modestos sobre o nosso corpo, dificultando a detecção daquilo que faz bem e daquilo que faz mal.
Criticam muito também que a produção de carne bovina traria efeitos danosos ao meio ambiente, porém, estudos recentes mostraram que o problema não era tão grave como havia sido colocado. Diversas tecnologias, já em uso, reduziram significativamente as emissões de metano por kg de carne produzida. Hoje já temos tecnologias que em breve permitirão zerar a relação emissão/sequestro de carbono da pecuária bovina.
As conclusões do Annals of Internal Medicine puseram, por enquanto, um ponto final nas dúvidas que ainda haviam sobre o consumo da carne vermelha. Estamos seguindo o mesmo caminho do ovo?
Portanto será sempre recomendável adicionar algumas pitadas de ceticismo nas dietas da moda.
Quanto a carne vermelha, parece-me que podemos comer o nosso bife diário e saborear o nosso churrasco domingueiro sem nenhum peso na consciência de que poderá haver danos ambientais ou a nossa saúde.
Arno Schneider é engenheiro agrônomo e pecuarista.
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