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Opinião
Segunda - 24 de Agosto de 2020 às 06:29
Por: Licio Antonio Malheiros

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Os poderes constituídos dentro de uma lógica, deveriam atuar harmonicamente entre si, essa teria que ser, a precípua básica para que não houvessem sobreposições ou valorações, deste ou daquele poder, em detrimento do outro, como comumente vem acontecendo em nosso país.

Como se não bastassem essas sobreposições de poderes, algumas vezes, parlamentares, acabam se excedendo em suas colocações as vezes de forma: esdrúxula, vergonhosa, imoral e desrespeitosa ao dirigir certas palavras, principalmente, a aquela pessoa; que, quer queira ou quer não, realizou trabalho hercúleo à frente de uma determinada região do Estado, como aconteceu no Vale do Araguaia, que traz a pecha de “Vale dos Esquecidos”.

Falar da história do Vale do Araguaia, sem mencionar, Dom Pedro Calsadáliga, nascido em Balsareny, na província de Barcelona, na Espanha, no dia 16 de fevereiro de 1928, seria no mínimo uma temeridade.

Em 1968, mudou-se para o Brasil para fundar uma missão Claretiana no Estado de Mato Grosso, uma região de alto grau de analfabetismo, marginalização social e concentração fundiária (latifúndios): são “grandes extensões de terras, que podem ser produtivas ou improdutivas”, em função disso, nessas regiões eram comuns assassinatos.

O Bispo emérito, da Prelazia de São Felix do Araguaia (MT), Dom Pedro Casaldáligia, defensor dos direitos humanos e dos mais pobres. Estava, internado em um hospital em Batatais (SP), com insuficiência respiratória e agravamento do Mal de Parkinson, vindo a falecer aos 92 anos, na manhã de sábado dia (8), sendo sepultado na quarta-feira (12).

Antes mesmo, que o seu corpo esfriasse, o Bispo emérito, teve sua reputação ultrajada, pelo deputado federal Nelson Barbudo (PSL), que desferiu contra ele, palavras: ofensivas, de baixo calão, agressivas, enfim de deselegância e desinteligência, de dar inveja a qualquer um.

Ele inicia seu ataque dizendo “Comunista para mim é no inferno, o bispo descansou no inferno a poucos dias. Ele, desencarnou o capeta que o tenha em um bom lugar, pois lugar de comunista para mim é no inferno. Eu não estou contra os índios, eu só não respeito comunista. Para fazer trabalho social em razão dos pobres não precisa tomar terra de outro”.

Nunca se ouviu de um parlamentar federal, eleito pelo voto direto, tendo recebido votos das mais diferentes religiões e credos, fazer um discurso de ódio, tão desrespeitoso e imoral a um sacerdote, que chegou à condição de Bispo.

Todos os seres humanos cometem erros e acertos, porém a pessoa que deixa seu país de origem, para mudar-se para um país estranho, visando: pregar, pacificar e edificar a palavra de Deus, merece no mínimo o nosso respeito. Mesmo com maioria católica, o país é oficialmente um Estado laico, ou seja, adota uma posição neutra no campo religioso, buscando sempre a imparcialidade nesse assunto.

Este artigo foi ensejado pela brilhante postura e determinação do deputado estadual, Elizeu Nascimento (DC), único parlamentar a fazer uso da tribuna; não para fazer proselitismo, e sim para defender com unhas e dentes a memória, do Bispo emérito, Dom Pedro Casaldáligia, que construiu uma história em nosso Estado, lutando sempre, pelos mais humildes.

Elizeu Nascimento (DC), profundamente consternado e chateado, com as palavras proferidas por Nelson Barbudo (PSL), contra a imagem não apenas de um religioso como também de um ser humano (in memoriam). Segundo ele, neste momento de dor, o mínimo a ser feito deveria ser respeitá-lo e vai mais além.

“É lamentável a declaração do deputado federal Nelson Barbudo, desrespeitando um homem religioso, bispo emérito da Prelazia de São Felix do Araguaia, religioso conhecido mundialmente por lutar sempre, pelos menos favorecidos pela sorte e pelas causas indígenas e dos sem terras”, por certo, o magnânimo deputado federal, estará propenso a derreter politicamente, depois dessa fala desconexa e comprometedora.

Licio Antonio Malheiros é geógrafo.



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