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Opinião
Terça - 25 de Agosto de 2020 às 13:28
Por: Pelágio Canavarros

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“O Brasil não é para principiantes”, já bem dizia o nosso “pai” da Bossa Nova Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.

E realmente acredito que não seja mesmo.

Viver em um país que registra 13% de todos os assassinatos do planeta e , quando se fala em números absolutos, ocupamos a triste primeira colocação no ranking mundial, nos aproximando das quase 60 mil mortes/ano.

Não é para principiantes mesmo.

Ao falarmos das mortes decorrentes do trânsito então , ocupamos o quarto lugar, ficando apenas atrás da China, Índia e Nigéria.

Ao adentrarmos nos números da nossa polícia ostensiva, chegamos à trágica constatação de que somos a polícia que mais mata e também a que mais morre no mundo.

No tocante ao nosso sistema prisional, ocupamos o quarto lugar no ranking mundial de encarceramento, “perdendo” apenas para os EUA, China e Rússia. Mas o que mais nos espanta mesmo são os números de presos provisórios, ou seja, aqueles que não tiveram ainda as suas sentenças condenatórias definitivas, totalizando mais de 40% da nossa população carcerária.

Como se não bastassem os dados de violência que abreviam a existência de tantas pessoas, temos ainda que lidar com outras mazelas que nos acometem.

Ao darmos um giro rápido pela Educação, também não fugimos da regra.

De acordo com o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), em sua edição de 2018, dos 79 países avaliados e classificados de acordo com os critérios leitura, ciências e matemática, amargamos a 58º e 60º posição, 66º e 68º e entre 72º e 74º, respectivamente.(*variações relacionadas com as margens de erro adotadas pela pesquisa)

No quesito burocracia, também mantemos a liderança.

Somos o país onde mais se gasta tempo com cálculos e pagamentos de tributos pelas empresas, ultrapassando as 1.500 horas/ano. Lembrando ainda que, como se suficiente não fosse, temos ainda que trabalhar 151 dias/ano apenas para o pagamento destes tributos, segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

A impressão que se tem é de não ser realmente suficiente ter apenas uma vida neste país

Por último, muito embora a lista de dados seja quase infinita, não poderia deixar de mencionar as mortes por covid. Somos o segundo no ranking mundial de mortes absolutas, por enquanto...

Coincidências ou não, foram acima descritos 7 dados estatísticos que demonstram um pouco da nossa triste realidade, também chamada de “Custo Brasil”.

Diante de todas estas constatações, a impressão que se tem é de não ser realmente suficiente ter apenas uma vida neste país, sejam pelos fatores que tornam as nossas vidas mais breves, sejam pelos que nos tomam tempo além das nossas capacidades hábeis.

Dessa forma, penso apenas nos restar duas opções:

Ou sermos “experts” e “não principiantes” nesta vida, acolhendo as orientações do nosso admirado Maestro Tom Jobim;

Ou nascermos felinos na próxima encarnação.

É só escolher!

Pelágio Canavarros é advogado.



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