Bom Jesus de Cuiabá O nosso“Orago-mor” continua velando por seu povo com o mesmo amor de outrora
A Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus festeja, no mês de Setembro, o padroeiro de Cuiabá. A partir da comemoração dos 300 anos, será comemorado, também, no dia 8 de Abril, aniversário de Cuiabá.
Lembrando as palavras de Miguel de Cervantes (D. Quixote): “A história é a êmula do tempo, repositório de fatos, testemunha do passado, aviso do presente e advertência do porvir”, torna-se sempre educativo voltar na linha do tempo e conhecer a rica e respeitável tradição religiosa cuiabana: a veneração à imagem do Senhor Bom Jesus, a Joia do povo cuiabano!
Conforme afirma as crônicas de Barbosa de Sá: “Foi esta imagem fabricada de madeira por mãos de uma mulher, na Vila de Sorocaba. Trouxe-a consigo Pedro de Morais, natural da mesma Vila, nos primeiros anos que estes Sertões povoaram” (anais do Senado e da Câmara, crônicas de Barbosa de Sá).
Para a alma cuiabana e aos migrantes que aqui vieram, este “Orago-mor”, é uma inspiração de fé, de luz e de sublimíssima elevação espiritual
Chegou ao porto da Vila do Arraial em 1729. Portanto, são 291 anos de sua presença em Cuiabá. Chegando à Vila, a imagem foi levada à Igreja Matriz e colocada em um altar colateral ao lado do evangelho, tendo ao fundo um belo e ilustrativo painel colorido, calcado na história destas Minas, onde aparece o Bandeirante, o Índio e o Garimpeiro. No majestoso mosaico, aparece cada qual fazendo a oferenda dos seus tesouros ao Orago-mor do Arraial.
Segundo Estevão de Mendonça, os cabelos anelados, que ainda adornam a fronte da imagem representam a dádiva de uma jovem cuiabana, que deles se desfez, em cumprimento de um voto. A tradição não menciona o nome da ofertante, nem a data do acontecimento.
Pois bem, esta veneranda Imagem permanece até hoje, acompanhando a vida e a história desta cidade. Esta devoção é parte da identidade religiosa e cultural do nosso povo. Nas adversidades que atormentaram o povo cuiabano no passado, como por exemplo: a guerra do Paraguai, com a consequente epidemia da varíola trazida pelos combatentes (1867), da Cólera (1887), da gripe espanhola (1919), a Catedral e a veneranda imagem do Senhor Bom Jesus se transformaram em refúgios, socorros e confortos aos que os buscaram.
Para a alma cuiabana e aos migrantes que aqui vieram, este “Orago-mor”, é uma inspiração de fé, de luz e de sublimíssima elevação espiritual. Porquanto, esta histórica imagem é a representação da pessoa Divina de Jesus, nosso salvador e único mediador: “caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6).
Interessante, os dois adjetivos que precedem o nome de Jesus, com os quais a fé do povo tão bem O qualifica: “SENHOR E BOM”, são duas expressões teológicas muito significativas, que exaltam a identidade e missão de Jesus Cristo no mundo. “SENHOR”: É o senhor perante a qual se curvou no passado o bandeirante indômito.
Ele é o senhor do mundo, senhor da história e Senhor da nossa vida. “BOM JESUS”, significa que Ele é este poço inesgotável de bondade, de onde jorra a água da misericórdia para todos àqueles que o invoca, infundindo ânimo e coragem ao povo fiel. Ele quis estabelecer sua morada no Arraial e reinar para sempre sobre esta tricentenária cidade e seus habitantes.
O nosso“Orago-mor”, continua velando por seu povo, com o mesmo desvelo e com o mesmo generoso amor de outrora. Pois, Ele é o mesmo: “ontem, hoje e sempre” (Hb, 13,7)!
Sob o auspício e proteção do Senhor Bom Jesus, atravessaremos, mas este momento de tribulação causada pela pandemia do Novo Corona vírus. Por isso, o lema da novena deste ano: SENHOR BOM JESUS, LIVRAI-NOS DA PANDEMIA!
Que o Senhor Bom Jesus, do alto do seu trono sagrado, continue abençoando nossa querida e sempre bela Cuiabá, exaltada poeticamente por D. Aquino: “O teu futuro está profetizado: foste a cidade deouro passado, és a cidade verde na esperança
PADRE DEUSDÉDIT M. DE ALMEIDA é sacerdote diocesano e Cura da Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
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