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Opinião
Sábado - 19 de Dezembro de 2020 às 10:17
Por: João Edisom de Souza

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O ódio entre as espécies ou dentro dela não é novo. A prova destes desentendimentos são as tantas guerras registradas ou não mundo afora. Acontece que com a globalização houve uma miscigenação, onde a identificação meramente territorial se tornou praticamente impossível. Somos feitos de retalhos genéticos ou soma de todas as tribos pré-existentes.

Então tivemos que nos refracionar para iniciar uma nova disputa de espaço e de ódio, estamos conseguindo!


Uma construção que se iniciou ainda no século passado e se consolidou no mundo na segunda década deste século vem causando um estrago enorme nas relações diplomáticas da convivência coletiva e de relacionamento individual entre as pessoas: vivemos a era do aldeamento conflituoso e odioso.

Problematizamos tanto as relações que fragmentamos e classificamos os seres humanos para muito além do próprio humano. Fatores como idade, cor, raça, origem, gênero, gênero do gênero, condição econômica, origem da condição econômica, atividade profissional, linguagem, ideologia e condição funcional são apenas alguns elementos para classificar uma pessoa.

Tanto que alguns, ao se apresentarem, até parecem bulas de complexo vitamínico.

Platão já afirmava que “divisão interna só beneficia o inimigo”. Neste caso, o beneficiado é o ódio que, ao final, vira violência.

A questão é como seremos no pós ódio? Se é que seremos alguma coisa


Ao se colocar no campo do auto estranhamento por espécie e suas classificações faz-se nascer um forte sentimento de não pertencimento (perda do humano). A soma destes elementos fracionados gerou o conflito entre as diversas tribos que passaram a se comunicar entre si graças as facilidades eletrônicas deste século.

Seguindo um princípio ancestral de conquistar território pela problematização (vitimização) ou pela humilhação do oponente, o ódio se torna o combustível aglutinador principal justo como fator aglutinador dos supostos “iguais” por classificação. Mesmo que iguais em uma situação e estranhos em outra, escolhem suas tribos pelo acolhimento temporário ou permanente aglutinado por identificação meramente sentimental, acusar ou massacrar o diferente.

Esta condição chega na política via beiradas (extremos), nunca pelo centro, uma vez que odeiam a solução pois necessitam do problema para estarem juntos, em um sentimento de comunhão. A guerra nunca é global, pois perderia o sentido. Por isso levar todo o debate para o campo binário é a primeira das soluções. Homens versus mulheres, héteros versus homossexuais, negros versus brancos, pobres versus ricos, iniciativa privada versus iniciativa púbica ou, o mais comum, direita versus esquerda; é o caminho.

Não podemos negar que a divisão e a desigualdade são sintomas de uma sociedade antissocial e desumanizada. Há tanto ingrediente nesta divisão que o fato do covid 19 ou da vacina se apresentarem como ferramentas de conflito não pode assustar mais ninguém. É apenas mais um pouco do mesmo neste aldeamento dos conflitos ao quais estamos submetidos. A violência tem sido a tônica, apesar de tantas mensagens de paz.

O ódio que uma aldeia sente da outra não é por amor a sua própria aldeia ou a si mesmo, pois o “oposto do amor não é o ódio e sim a indiferença” (Wilhelm Stekel). O ódio que uma aldeia sente da outra é a vontade de destruir os que por algum motivo não acolheu.

A questão é como seremos no pós ódio? Se é que seremos alguma coisa. Como afirmou George Bernard Shaw, “o ódio é a vingança do covarde’. Por isso esta covarde divisão nos faz odiar tanto que m na verde devíamos amar, pois só os diferentes nos fazem crescer!

João Edisom de Souza é professor universitário e analista político em Mato Grosso.



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