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Opinião
Domingo - 07 de Março de 2021 às 05:59
Por: Renato Gomes Nery

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Foi noticiado, pela imprensa, a nomeação de um general para dirigir a Petrobrás. O atual Governo está cheio de militares, até da ativa, em diversos cargos da hierarquia do Governo Federal. No período que durou o Golpe/64, a Presidência da República foi ocupada por diversos Generais primeiros de turma, com se esta fosse um posto do Exército. O fato de ser General ou pertencer ou tem pertencido a hierarquia do exército dota o indicado de predicados para ocupar qualquer cargo no Governo Federal. O Ministro da Saúde, a par de todos os percalços da gestão, é um General da ativa.

Cada macaco em seu galho afirma a sabedoria de um ditado popular. Advogado tem de ser advogado. Médico tem de ser médico e por aí vão as compatibilidades que credenciam a ocupação de cargos afins.Não poderia ser diferente. Entretanto, pertencer aos quadros da hierarquia militar e, portanto, ter cursado uma escola militar tão louvada, não credencia o eleito a ser qualquer coisa. O resultado desta orientação tem mostrado os descaminhos da administração federal. Em tese, um cargo eminentemente técnico, com a diretoria de Petrobrás, não deveria ser ocupado por alguém sem a formação para tanto.

Estar-se, por aqui careca de saber que o mercado se gere por si e que a intervenção política arbitrária no mercado levou e levará a mais um beco sem saída

Entretanto, o princípio, neste caso, a ser seguido não é o da capacitação, mas o da lealdade, tão comuns nos regimes totalitários.

O escritor Ken Follett, no Livro Inverno no Mundo, Ed. Arqueiro/2012, pag. 796/797, conta o seguinte episódio, ocorrido nos desdobramentos da Revolução Russa:

- O camarada Beria assumiu a direção do programa nuclear.

Volodya já sabia. Stalin criara um novo comitê para dirigir os trabalhos e nomeara Beria presidente. Beria não sabia nada sobre física e era totalmente desqualificado para organizar um projeto de pesquisa científica. Mas Stalin confiava nele. Era o mesmo problema de sempre no governo soviético: pessoas incompetentes, porém leais eram promovidas a cargos para os quais não estava aptas” -. Enfim, por estes e outros motivos que deu no que deu.

“A história precisa sempre lembrar o que alguns querem que muitos esqueçam. (Eric Hosbsbawn). Entretanto, como pouco se lê, desdobra-se no pouco que se sabe.

Estar-se, por aqui careca de saber que o mercado se gere por si e que a intervenção política arbitrária no mercado levou e levará a mais um beco sem saída. Certamente, um General ensinará o que o mercado não precisa saber: ordem unida.

E por estes e outros motivos que o Brasil continuará a correr atrás do rabo, neste contínuo e temerário círculo vicioso da insensatez. Até quando.

Renato Gomes Nery é advogado



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