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Opinião
Sexta - 19 de Março de 2021 às 10:43
Por: Eduardo Chiletto

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A pandemia da Covid-19 nos mostrou, de uma forma assustadora e eloquente, que estamos intimamente interligados e que somos tão fortes quanto o elo mais fraco de nossa cadeia humana.

A P1 mais letal e altamente contaminante que ataca os jovens e os já infectados circula livremente. Em todo o país, faltam leitos e UTIs para qualquer enfermidade. São necessários esforços urgentes, conforme declarado na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2020.

Nesse grave contexto, acredito que devemos tomar medidas transformadoras. Parar com as brigas e mesquinharias políticas entre os políticos e suas politicagens e nos unir em prol da sociedade, porque temos uma oportunidade histórica de reconstruir nossas vidas para o bem-estar e a melhoraria da humanidade.

Padrões desta politicagem irresponsável estão se tornado insustentáveis para a população, assim como o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), importantíssimos para nossa sobrevivência na terra. Esses padrões atuais levaram a três crises ambientais: mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição.

Em meio a esses padrões insustentáveis está o aumento do nível de poluição. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que 23% de todas as mortes no mundo, o que equivale a cerca de 12,6 milhões de pessoas, em 2012, devem-se a fatores de risco ambientais, como a má qualidade do ar, com impacto desproporcional nas crianças, mulheres e nos mais vulneráveis.

A Covid-19 evidenciou ainda mais essa necessidade. Estudos sugerem que os impactos da poluição do ar, combinados com os impactos da pandemia, pode levar ao agravamento dos efeitos sobre a saúde. Com custos que equivalem a 2% do produto interno bruto e até 7% dos gastos anuais em termos de custos de saúde. Enfrentamos ainda o desafio de aumentar o desperdício devido ao uso massivo de equipamentos de proteção individual e plásticos descartáveis.

Inspirados por soluções baseadas na natureza e em prol da recuperação pós Covid, o Estado de Mato Grosso, por meio da Assessoria Internacional do Governo e em parceria com a UNIDO (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial) está trabalhando e desenvolvendo um projeto de Bioeconomia para a Amazônia Legal que inclui inclusive modelos de economia circular.

Os benefícios da economia circular são inúmeros. O IRP - International Resource Panel estima que a adoção da circularidade poderia reduzir as emissões de GEE – Gases do Efeito Estufa em alguns setores em até 99% e a necessidade de confecção de novos materiais em 98%. O que equivale a não emissão de 3,6 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera por ano até 2050.

A OIT - Organização Internacional do Trabalho - estima que a economia circular e a bioeconomia podem gerar 4,8 milhões de empregos verdes somente na região da América Latina e Caribe até 2030, importantíssimo para esta época de pandemia em que milhões de pessoas perderam seus empregos. Globalmente, o WEF - Fórum Econômico Mundial estimou o potencial de economia de materiais como uma magnitude que chega a um trilhão de dólares por ano.

Além disso, Mato Grosso, através da PAGE – Parthnership for Action on Green Econony, parceria do Governo com Agências da ONU, com recursos a fundo perdido da Alemanha - KFW, está realizando um trabalho inédito no Brasil para análise dos impactos socioeconômicos da pandemia Covid-19 na Agricultura Familiar, responsável por grande parte da alimentação em nossas casas.

Esse trabalho busca entender como a pandemia está afetando a dinâmica da produção, o acesso ao mercado, o acesso a serviços essenciais e a renda dos pequenos agricultores, fornecendo recomendações claras sobre como apoiar iniciativas do governo estadual e da sociedade civil para minimizar os impactos pós-pandemia por meio de políticas macroeconômicas "verdes" e incentivos.

Também irá avaliar, entre outros, os cenários pós-pandemia por meio de políticas públicas e incentivos para reanimar atividades econômicas no setor da Agricultura familiar, com o objetivo de promover a sustentabilidade, recuperação verde e economia circular, avaliando possíveis cenários pós-pandemia, direcionando recursos públicos e privados para ações governamentais estratégicas que reconheçam e valorizem o papel da natureza na redução de riscos sistêmicos e na mitigação de futuros surtos de doenças zoonóticas, abordando suas causas básicas.

Essas ações em andamento em Mato Grosso permitirão minimizar e mesmo reverter o cenário caótico estabelecido pela pandemia. E nossa interligação e responsabilidade com a sociedade nos farão alcançar a melhoria do bem-estar humano e igualdade social, reduzindo significativamente os riscos ambientais e os desequilíbrios ecológicos como preconiza a agenda 2023 para o Desenvolvimento Sustentável.



Eduardo Chiletto, arquiteto e urbanista, presidente da AAU-MT, academia.arquitetura@gmail.com



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