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Opinião
Segunda - 29 de Março de 2021 às 05:29
Por: José Pedro Rodrigues Gonçalves

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Estamos no País que retornou à Idade Média em pleno Século XXI. Quando uma Nação permite que mais de trezentas mil pessoas morram, sendo que uma grande parte, talvez a maior parte, pudesse sobrevier, é porque retornamos aos tempos da Peste Negra na Europa do Século XIV, quando não se conhecia nada a respeito de medidas preventivas.

Hoje, nesta Pátria transformada em uma mistura de hospital e cemitério, assistimos aos arroubos destemperados de governantes que “conhecem” tudo sobre pandemia a ponto de não ouvir o que dizem os mais renomados cientistas do planeta, todos brasileiros, respeitados no mundo inteiro.

Somos uma Nação despedaçada, corroída pelo ódio de alguns que ganham a vida espalhando aleivosias, disseminando falsas notícias na tentativa de impor a ferro e fogo o desejo insano de um comandante destituído de uma mínima dose de humanidade e que ensaia um teatro de horrores. Ao que parece, deve se nutrir do sofrimento alheio, pois é o que demonstra quando gargalha escandalosamente.

Gestores públicos, esse é o nome, se arrogam de poderes inequívocos e semeiam insensatezes como se dominassem o poder transcendental de decidir sobre o que desconhecem. Mudam horários de restrições que não restringem coisa alguma, fabricam leitos de UTI acreditando que também poderão fabricar profissionais de saúde capacitados para operá-los, talvez imaginado que eles possam ser industrializados como robôs que fabricam automóveis. É o que parece.

Estamos no País que retornou à Idade Média em pleno Século XXI

O coronavírus desconhece mudanças de horário, de feriado ou de itinerário, mas sabe muito bem aumentar nosso calvário. Certamente é bem-informado por aquele serviço de informação particular do suserano, que já completa mais de ano nesta toada de querer distribuir cloroquina, querendo implantar uma farmácia em cada esquina, para faturar com ivermectina.

E o novo ministro, meus senhores, já veio ensaboado, escorregadio e bem vaselinado, tenta esconder a sua covardia falando meias palavras e atropelando a semântica. Se dignidade tivesse, já teria chutado o balde, derramado o leite e assumido, para nosso deleite, o papel real de um ministro da saúde e não de um vendedor de ataúde.

E o que fazem as outras autoridades? Discursam em salões marmorizados, com discursos muito bem elaborados, mas desprovidos de conteúdo verdadeiro, enquanto somos criticados pelo mundo inteiro. Por que não oferecem um pouco de seus salários nababescos para garantir um mínimo refresco aos milhões de brasileiros esfaimados pelo desemprego e além da fome, o total desassossego pela permanente ameaça da doença.

Saudades do SUS de outros tempos! Saudades de homens de palavras no comando desta Nação desesperada, refém de governantes insensatos que fazem furor em cada ato, de decretos sem conter nada concreto. O parlamento, (ou seria pra lamento?) silencia ante o despautério do mandante, como se fosse por ele comandado e, de joelhos, apetece das benesses das emendas, devorando com prazer essa merenda.

Enquanto isso, na planície dos mortais, inventam protocolos imorais, como se mudança de um horário pudesse amenizar nosso calvário, ao contrário dos que pensam com ciência; a consciências desses insensatos poderosos permanece bem tranquila, enquanto as UTIs aumentam suas filas. Só nos resta prostrarmos em uma longa prece.

José Pedro Rodrigues Gonçalves é médico cardiologista.



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