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Há aproximadamente uma década como articulista semanal sobre os direitos humanos das mulheres, muitos temas foram abordados e histórias contadas. Foi falado sobre mulheres, seus direitos, leis que a defendem, e por aí afora.
Algumas pessoas narraram o que já passaram, mesmo fora da atuação no Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública. Esses contos, muitas vezes, se transformaram em artigos de opinião. Leis que atuam na defesa das mulheres, outras nem tanto, e outras nem um pouco, também deram azo a ideias trazidas. Mulheres à frente de seu tempo, mulheres agredidas, e, mulheres de diversos segmentos foram descritas. Datas foram lembradas e relembradas. Enfim, sempre o que se refere a mulher, no espaço foi cuidado com muita atenção.
Os textos foram muito bem recebidos pelos leitores e leitoras, tendo alguns homens e mulheres, inclusive, afirmado ter repensado sobre o verdadeiro comportamento igualitário. Todavia, por se cuidar de mulher, nem tudo foi tranquilo e calmo. As críticas, algumas vezes pesadas e sem critério, foram reais.
O feedback tem trazido certas situações: pessoas a lerem sobre os direitos humanos das mulheres; pessoas que gostam muito; pessoas que disseram passar a entender mais sobre o assunto; e, ainda, pessoas que criticaram veementemente. Dentre os comentários pouco amistosos, é de se destacar: “Essa defensora está sem trabalho”; “Que triste uma defensora pública escrever sobre isso”: “Essa mulher destila ódio quando escreve”; “Está precisando bater uma laje”; “Discordo”; “Não entendo porque escrever sobre direitos de mulheres”; “Triste ouvir isso de uma defensora pública”.
O feminismo expõe as vísceras do androcentrismo e do capitalismo, se recomendando trazer e fazer uma transformação social. No entanto, o assunto ainda é polêmico e recheado de dubiedades para quem não sabe do que versa. A proposta feminista nunca foi a de superar o gênero oposto, mas, sim, de encontrar a balança fiel dos gêneros.
Reflexão é buscada. No dia a dia, mulheres e homens possuem direitos equânimes, mesmo? As mulheres podem agir da mesma fora que os homens? O corpo da mulher é visto socialmente como o do homem? O fato de ser mulher tem sido perigoso para elas? Existe algum risco diferenciado em transitar nas ruas em sendo homens ou mulheres? Os homens, em regra, são agredidos da mesma forma e frequência que elas? As relações de poder estão distribuídas igualmente entre eles e elas? As mulheres estão sendo assassinadas nos mesmos locais que eles?
Quantos questionamentos para que a compreensão possa representar, com fidelidade, os marcos sociais e reais divisórios! Pessoas não entendem facilmente a importância de se travar esse combate em todos os lugares, preferindo ‘atacar’ ou tentar ‘ferir’ quem se propôs a mencionar o que é de mais concreto e visível: a diferença entre os gêneros.
É de Joan Scott: “O gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos; uma forma primeira de significar as relações de poder. As mudanças na organização das relações sociais correspondem sempre à mudança nas representações de poder, mas a direção da mudança não segue necessariamente um sentido único. ”
Enquanto leitores e leitoras emitirem os seus comentários, a certeza é uma só: um tempo virá a meditação, podendo ser pelo amor, ou...
Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.
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