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Opinião
Quarta - 28 de Abril de 2021 às 06:34
Por: Onofre Ribeiro

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A sociedade de Mato Grosso se habituou nas últimas eleições a escolher entre dois candidatos opostos polarizados. Cada um defendendo uma plataforma pessoal que oferecia a sua forma de lidar com a problemática da gestão pública em todos os níveis.

Cito o exemplo recente da eleição em Cuiabá, onde o então prefeito Emanuel Pinheiro e o vereador Abílio Brunini disputaram muito mais a alma do que a eleição. Foi um duelo no circo romano no tempo do “circo e pão” ao povo.

Passada a eleição municipal de 2020, desenhou-se imediatamente a eleição geral de 2022, onde se disputarão os cargos de presidente das República, de governadores, de um senador, de oito deputados federais e de 24 deputados estaduais. É um complexo tabuleiro de poder. Seria mais simples, se esse tabuleiro fosse dirigido pelos partidos políticos.

O papel dos partidos deveria ser o de organizar as correntes de pensamento da sociedade e escolher candidatos que coubessem dentro dos figurinos éticos e de propósitos do espírito da gestão.

A sociedade de Mato Grosso se habituou nas últimas eleições a escolher entre dois candidatos opostos polarizados

Não é mais. Os partidos tornaram-se meras siglas cuja importância se resume em registrar candidaturas em seu nome. Aqui cabe discutir o empobrecimento das gestões na medida em que saem de debaixo do guarda chuvas partidários, para se tornarem projetos pessoais de candidatos que se inscreveram neles unicamente pela necessidade a atender à burocracia da lei eleitoral.

Muito bem. Vamos ao título do artigo. Desde antes da eleição de 2020, o governador Mauro Mendes, eleito em 2018, entrou em rota de colisão com o prefeito em exercício de Cuiabá, Emanuel Pinheiro. Na reeleição de 2020 de prefeito, a briga acirrou-se e ampliou fortemente em 2021.

Discussões diárias e bate-bocas entre ambos resvalam de maneira muito desagradável dentro da sociedade. Isso é um lado. Mas tem outro.

O governador Mauro Mendes está repetindo a armadilha ocorrida entre o ex-governador Pedro Taques e a deputado estadual Janaína Riva, em 2019.

Na disputa do funcionalismo público pela concessão da RGA, o governador entrou em colisão pessoal com os sindicatos setoriais dentro do governo de Mato Grosso. Esses se fortaleceram a partir da atenção equivocada do governador e criaram um fórum sindical com enorme força e pressionaram o governo.

Defendendo os funcionários públicos, a jovem e inexperiente deputada de primeiro mandato, Janaina Riva, enfrentou o governador. Ele desceu da hierarquia de governador e foi ao palco da briga sindical bater boca com ela. Resultado: ela agigantou-se e ele apequenou-se.

O governador Mauro Mendes está seguindo a mesma cartilha equivocada de Pedro Taques, quando optou por descer da sua hierarquia e bater boca com o prefeito de Cuiabá.

O prefeito aproveitou-se da brecha e vem construindo um raciocínio de candidato a governador, justamente em cima de sua hierarquização aberta pelo governador. Nesse caso, o governador desceu à hierarquia do prefeito. As discussões descem da posição macro política de governador pra micro política do município de Cuiabá.

O leitor deve estar se perguntando se o governador deveria ignorar as provocações e fingir-se de surdo. Não é o caso. Indique alguém da equipe com o perfil adequado e coloque-o na hierarquia do prefeito. Governador é magistrado. Não opina no chão da fábrica. É assim que a sociedade precisa dele.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.



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