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Opinião
Quinta - 29 de Abril de 2021 às 04:37
Por: Renan Ferreira

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Nesta semana, no dia 26 de abril comemora-se o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial e precisamos estar sempre atentos e “de olho” quanto aos cuidados com a “pressão alta”. A hipertensão arterial é uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil, visto que a doença agride continuamente a parede vascular, dos grandes e pequenos vasos do corpo, propiciando fenômenos tromboembólicos e isquemia crônica, danificando tragicamente diferentes órgãos-alvo.

O olho, essencialmente a retina, é um dos primeiros órgãos a sofrer as consequências destrutivas da pressão arterial mal controlada e, portanto, a possibilidade de cegueira representa um risco iminente de incapacidade permanente nos pacientes hipertensos. A Retinopatia Hipertensiva surge como consequência da lesão microvascular da retina causada pela “pressão alta”. O exame de fundo de olho mostra estreitamento arteriolar, cruzamentos arteriovenosos anormais, alterações escleróticas da parede vascular, hemorragias em forma de chama de vela, exsudatos e edema do disco óptico. Frequentemente, não existem sintomas nas fases iniciais da retinopatia e a queixa de embaçamento, manchas e/ou prejuízo visual se desenvolvem somente numa fase mais avançada da doença. Além disso, a hipertensão arterial é um importante fator de risco para outras complicações da retina, tais como: oclusão da artéria ou da veia central da retina (“tromboses retinianas”) e piora da retinopatia diabética. É oportuno e extremamente importante dizer que pacientes com retinopatia hipertensiva associada ao diabetes mal controlado possuem elevado risco de perda visual e cegueira permanente.

A Hipertensão arterial assim como a Retinopatia Hipertensiva necessitam de abordagens objetivas, individualizadas e essencialmente especializadas, algo que não se consegue resolver em “consulta online”, em algum momento a pressão tem que ser aferida e fundo do olho ser examinado. E num contexto de pandemia, no qual o distanciamento social é recomendado, pessoas com doenças crônicas podem sofrer consequências desastrosas em virtude de atrasos ou perda da continuidade da assistência médica especializada.

A base do tratamento da retinopatia hipertensiva visa o controle agressivo e contínuo da pressão arterial e, quando ocorre comprometimento ocular, a abordagem da retina é mandatória. As armas terapêuticas disponíveis para o tratamento da retinopatia envolvem: laser, injeção intraoculares de fármacos específicos e, quando necessário, cirurgias, a fim de se interromper a evolução para cegueira.

Considerando que cerca de 24% dos brasileiros com mais de 18 anos tem pressão alta, e a proporção chega a 47% em quem tem mais de 60 e menos de 65 anos, atingindo pelo menos seis a cada dez pessoas com mais de 75 anos; que a pressão pode estar alta e não dar sintoma nenhum; que pressão não controlada pode afetar tragicamente os olhos, rins, cérebro e coração; e que o controle da pressão arterial pode prevenir que tudo isso ocorra... é altamente recomendável que fiquemos atentos e de “olhos bem abertos” para os valores da nossa pressão arterial, bem como adotemos hábitos de vida mais saudáveis, tais como: alimentação rica em antioxidantes e com baixo teor de sal, atividade física regular e busca por ajuda médica especializada sempre que necessário e com objetivo de prevenir ou, pelo menos, minimizar os danos causados pelo descontrole crônico da pressão arterial.

Renan Ferreira é médico oftalmologista, especialista em Retina e Vítreo em Mato Grosso



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