A Garrafada do Dito Gordo No começo da pandemia, Bolsonaro e Boris Johnson não acreditavam na letalidade
Já tive Covid. Embora tenha passado bem, sei que corri sério risco, porque desenvolvi ao longo de muitos anos uma enfermidade crônica, que costuma complicar a vida dos que pegam essa doença. Aliás, essa comorbidade que me afeta, predispõe seus portadores a todas as mazelas: é a tal da velhice.
Com leves sintomas fui ao médico, que fez um exame cardiológico, pediu outros laboratoriais e me receitou inicialmente, entre outros remédios, as famosas hicroxicloroquina e ivermectina.
Claro que tomei sem contestações, porque na época discutia-se ainda a eficiência destes remédios e o médico escolhido – de grande prestígio aqui em Cuiabá – tinha tratado diversos conhecidos meus, alguns com a mesma comorbidade, e todos progrediram para a cura no tempo esperado.
Nessa mesma época, o Dito Gordo – de quem já falei aqui neste espaço – ganhava fama com suas plantas medicinais, que teriam o poder de curar a Covid.
Com o pai, aprendeu os segredos do cerrado. De algumas plantas, ele sabe que a parte eficiente é a raiz que pode ser usada ralada e dormida no pote; em infusão na água quente ou seca, adicionada ao guaraná matinal.
De outras a serventia é a casca. Têm ainda as que fornecem as folhas, os frutos ou até as flores. Cada uma com seus inúmeros segredos: forma de fazer e beberagem, época de colheita de raízes, folhas, flores ou frutos e doses ideais.
Nas duas semanas em que me recuperava da doença – aqui é pura especulação – o meu médico deve ter atendido umas cinquenta pessoas com Covid, das quais – estatisticamente – cinco ou seis pioraram e foram hospitalizadas.
No começo da pandemia o Bolsonaro e o Boris Johnson – Primeiro Ministro do Reino Unido - não acreditavam na sua letalidade
Neste mesmo período, o Dito, provavelmente tratou umas vinte pessoas, destas – conforme a média nacional - três ou quatro não melhoraram e correram em busca de socorro. Mas tem uma coisa importante: os que optaram pelo Raizeiro tem maior risco de morte porque quando procuram o médico pode ser tarde demais.
Entretanto, há três armas de defesa cuja eficiência, ninguém medianamente informado, pode negar: vacinação, distanciamento e máscara. A primeira está comprometida pela teimosia do governo, que continua divulgando cloroquina e agora, também, chá de Carapanaúba, que os índios Balaios usam contra a Covid. Mas, as outras duas continuam disponíveis e ao alcance de todos.
No começo da pandemia o Bolsonaro e o Boris Johnson – Primeiro Ministro do Reino Unido - não acreditavam na sua letalidade. Ambos foram contaminados, o brasileiro teve sintomas leves, mas o inglês foi pra UTI e quase morreu. O azar do britânico, transformou-se em sorte para a Inglaterra, porque ele, convencido da virulência da enfermidade, passou a lutar contra ela.
A sorte do Presidente brasileiro - que não sofreu com a doença - foi o azar do Brasil, pois ele, até hoje, desdenha a Covid e se recusa a combatê-la. Ao contrário a promove, como aconteceu nos últimos dias primeiro, 15 e 22 deste mês de maio, quando levou o povo às ruas para os ritos de adoração ao “mito”.
O PT vai completar a lambança iniciada pelo bolsonarismo: dia 29, em manifestação política, exporá seus fanáticos seguidores ao contágio.
Nas próximas semanas petistas e bolsonristas disputarão vagas nos lotados hospitais do País inteiro.
Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.
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