Só a política Frustração com promessas de populistas não podem impor a condenação da Democracia
A Democracia, porquanto exercício do poder por meio da manifestação da vontade do povo, ainda que não seja um regime perfeito, entre bônus e ônus, segundo Churchill, é o melhor sistema de organização social já experimentado pela humanidade.
Todavia, a instantaneidade da modernidade, os tempos líquidos, segundo Bauman, ao exigir respostas imediatas para as angustias e desafios do presente, coloca a Democracia no banco dos réus, acusada das mazelas decorrentes do mau exercício da política.
Essa demérita condição e desapreço pelos valores democráticos, de respeito aos direitos fundamentais, tem como origem a proliferação de oportunistas e populistas que assentam o debate sobre as complexidades humanas em tábua rasa, simplificando o que por sua natureza, não pode ser simplificado, tudo para o fim de oferecer à angustiada população a poção mágica e instantânea capaz de solucionar todos os problemas.
Frustração com essas promessas de políticos populistas não podem impor a condenação da Democracia!
Ofertam como solução para a criminalidade, a morte! Como solução para o mau uso do recurso público, a cadeia. Simples como num estalar de dedos.
Entretanto, isso não passa de engodo, assim como as poções mágicas que prometem juventude eterna, afinal, a política de segurança pública no País, muito embora seja altamente letal, não resolveu ou arrefeceu a criminalidade, bem como os escândalos de corrupção não foram resolvidos com cadeia!
Logo, a frustração com essas promessas de políticos populistas não podem impor a condenação da Democracia! Não podemos sacrificar a Democracia porque escolhemos as poções mágicas e demagogas ao invés das soluções racionais.
Devemos assumir o ônus do sistema democrático e suportar os efeitos indesejáveis das escolhas baseadas no populismo para que possamos, ainda, auferir o bônus da Democracia, que é a garantia de proteção da comunidade contra toda e qualquer vontade totalitária que submeta o interesse coletivo ao arbítrio e a mercê das vontades individuais, incluindo nessa realidade, as mais tresloucadas sevicias humanas!
A tensão entre ônus e bônus, como única mediadora, emerge a linguagem política, cujo debate deve exorcizar as soluções mágicas e instantâneas sem efeito prático algum.
As razões públicas devem ser frutos do bom e saudável exercício da linguagem política, de forma a modular a sua frequência para a realização da felicidade coletiva, segundo a concepção Aristotélica.
Somente com o exercício da política, em todos os segmentos, é que a sociedade, na ambiência democrática, não será alvo de poções mágicas, fazendo com que sejam escolhidos os melhores representantes e, assim, nas caixas de ressonância, nas Assembleias Populares, os interesses sociais prevaleçam sobre os casuísmos privados, populistas, de modo a prevalecer o bônus coletivo e do bem comum, verdadeira finalidade da política, garantindo, igualmente, a absolvição da Democracia em tempos de julgamento instantâneo.
Diogo Botelho é advogado.
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