País dividido pelo ódio Nunca antes na história deste País se viu tanto ódio de candidatos e fanáticos
Nunca antes na história deste País - como dizia o Lula nos seus dias de glória - se viu tanto ódio lançado das bocas e posts dos candidatos e seus fanáticos apoiadores.
Muitos, que antes eram amigos ou colegas de bom relacionamento, passaram a se odiar mutuamente, simplesmente porque uns adoram o insensato Mito e outros veneram o ardiloso ex presidente.
As rivalidades políticas sempre existiram, mas havia um esforço de mantê-las em um nível civilizado, de modo que as rixas que cresciam durante os períodos de votação se arrefecessem na entressafra eleitoral.
Passado o governo Collor, período de triste memória, o PT disputou por muitos anos com o PSDB a preferência dos eleitores. Houve entre eles vários atritos, é verdade, mas sem esta fúria abominável que campeia hoje entre os polos políticos.
Nunca antes na história deste País se viu tanto ódio de candidatos e fanáticos
Aliás, por falar no Collor, é bom lembrar que entre ele e o atual presidente há algumas semelhanças, além do destempero e do gosto de pavonear, um com o Jet Sky no Lago Paranoá, e outro, de moto, nas ruas de Brasília. O alagoano foi eleito para caçar os Marajás do Serviço Público e o Messias para acabar com o PT. No fim o caçador foi cassado pelo Congresso e o Bolsonaro está conseguindo ressuscitar o Lula que estava quase derrotado.
Mas há uma diferença entre eles. O Collor não percebeu seu erro a tempo de salvar-se, enquanto o Bolsonaro “vendo a viola em caco” aliou-se ao Centrão, que antes desdenhava, para escapar do impedimento.
Os dois têm grande responsabilidade neste declínio civilizacional que estamos vendo no País. Eis que, adeptos que são dos xingamentos e das vulgaridades, transformaram em corriqueiras, palavras grosseiras que a boa educação restringe e condena.
A liturgia do cargo de Presidente da República, sempre austeramente respeitada, foi abandonada pelo Bolsonaro, trocando-a muitas vezes por sessões constrangedoras de humilhação a jornalistas e eventuais opositores, no cercadinho do Palácio.
Palavras chulas, escatológicas e vulgares ao lado de xingamentos inaceitáveis, saídos da boca do Presidente e replicados avidamente nos grupos de whatsapp, mostram o declínio da serenidade e da temperança.
Prosperam também a mentira e a leviandade a ponto de ninguém mais se envergonhar de dizer uma coisa de manhã e ser desmentido à tarde. Só 25% dos brasileiros acreditam na palavra do Presidente, dizem as pesquisas.
Lula e Bolsonaro estão lançando o País numa onda de ódio, confrontos e hostilidades, banalizando xingamentos, antes reservados para situações extremas. No vocabulário bronco do Presidente, o Ministro do Supremo que defende a Urna Eletrônica é imbecil e idiota; os Senadores que participam da CPI da Covid, canalhas e otários; e os opositores, principalmente os seguidores do PT, bandidos e vagabundos. Os petistas, auto atribuindo-se uma inteligência incomum e brilhante, chamam de imbecis os simpatizantes da direita.
O Brasil votou no Bolsonaro fugindo do PT, mas as trapalhadas do Presidente vão dia a dia fortalecendo o adversário. No final, feitas as contas do atual governo, três “benefícios” restarão: milhares de mortos pela Covid que poderiam estar vivos; um país dividido, tosco e cheio de ódio; e, embrulhado de presente, o Lula de volta ao Poder.
Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.
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